segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Escassez de terrenos pesa sobre preço de imóveis em SP


A escassez de terrenos em regiões centrais da capital paulista deve manter os preços de imóveis residenciais novos em alta em São Paulo, segundo estimativa do Secovi-SP, sindicato que representa o setor imobiliário na cidade.

"Essa é uma consequência do desenvolvimento... durante 20 anos, o mercado imobiliário andou 'de lado'", afirmou o economista-chefe da entidade, Celso Petrucci, durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira.

De acordo com levantamento do Secovi, nos últimos cinco anos, o preço por metro quadrado de área útil dos imóveis residenciais novos no município de São Paulo registrou alta de 30,6 por cento, sendo que o aumento foi mais acentuado entre março de 2008 e março de 2010.

No mesmo período, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 28,4 por cento, enquanto o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) avançou 40 por cento de janeiro de 2005 a março deste ano.

"Essa variação de preço é plenamente aceitável", assinalou o presidente do Secovi-SP, João Crestana. A consequência já observada, segundo ele, é a migração para cidades do interior e do litoral paulista.

Conforme a entidade, no início dos anos 2000, cerca de 85 por cento dos imóveis vendidos na região metropolitana do Estado eram localizados em São Paulo. Hoje, o índice caiu para 50 por cento.

Historicamente, desde o início da década de 1980, o valor do terreno representava de 10 a 15 por cento do custo de um imóvel, de acordo com Crestana. Há cerca de cinco anos, o valor passou a ficar entre 20 a 40 por cento.

Questionado sobre o cenário de alta para a taxa básica de juro do país (Selic), o economista-chefe do sindicato prevê que as taxas para financiamento imobiliário não sejam afetadas. "Hoje os bancos estão trabalhando com spread mínimo. Temos taxas para financiamento imobiliário bastante atrativas", afirmou Petrucci.

No primeiro trimestre, foram financiadas 76,5 mil unidades por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), incremento de 38 por cento ano a ano. Conforme a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), até o final de 2010, devem ser liberados 50 bilhões de reais em financiamentos. Deste montante, 10 bilhões ficaram concentrados no primeiro quarto do ano.

VENDAS
O Secovi-SP informou nesta segunda-feira que as vendas de imóveis residenciais novos na capital paulista no primeiro trimestre dispararam em relação ao mesmo período de 2009, retomando o patamar pré-crise.

O setor apurou alta de 75,1 por cento nas vendas de moradias, num total de 8.461 unidades. Deste total, 87 por cento foram representadas por unidades de até 130 metros quadrados de área útil. Quanto aos segmentos, os imóveis de dois e três dormitórios ficaram praticamente empatados, respondendo por 35,4 e 36,6 por cento do volume comercializado.

Já a velocidade de vendas, medida pela relação de venda sobre oferta, foi de 20,2 por cento, ante 8 por cento nos primeiros meses de 2009.   O resultado do início deste ano ficou próximo das vendas de 8.478 unidades registradas no mesmo período de 2008, quando o setor atravessou forte aquecimento.   No primeiro trimestre foram lançadas 6.193 unidades residenciais, um aumento de 96,4 por cento em relação ao verificado um ano antes, mas uma queda de 11,8 sobre os lançamentos em 2008.

Para 2010, o Secovi-SP reiterou a previsão de vendas, que devem ficar entre 37 mil e 38 mil unidades, 5 por cento acima do comercializado em 2009. Para lançamentos, a previsão é de alta de 10 por cento, somando cerca de 35 mil moradias.

Fonte:  Portal Exame/Mercados

A seguir, três especialistas de diferentes setores ensinam os principais cuidados que todo comprador deve tomar antes, durante e depois do processo de compra de um imóvel na planta:


1 - Defina seus critérios: Antes de começar a peregrinação pelos estandes das incorporadoras, lembre-se que a compra de um imóvel na planta é uma transação de longo prazo. É um tipo de negócio que sempre requer muita análise prévia sobre suas necessidades e realidade financeira nos próximos anos. "A pessoa deve se perguntar qual é o tamanho da prestação que cabe no bolso e qual é a necessidade da família. Quando isso estiver claro, você está pronto para procurar o imóvel adequado para seu perfil", afirma João Crestana, presidente do Secovi-SP, o sindicato da habitação. De acordo com ele, esse simples "cálculo" é suficiente para manter o comprador longe de fechar contratos por impulso.


2 - Bisbilhote o passado da construtora: "Para escapar de problemas, firme contratos com incorporadoras que tenham uma boa reputação no mercado", diz Octávio Galvão Neto, coordenador da Câmara de Avaliação do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo (IBAPE/SP). Não é possível chegar a conclusões concretas sobre a idoneidade da empresa com apenas algumas conversas com o corretor imobiliário no estande de vendas. Segundo especialistas, a primeira estratégia pra se prevenir de eventuais dores de cabeça com empreendimentos imobiliários é analisar o histórico da construtora. E isso demanda muita sola de sapato. É comum, por exemplo, que alguns prédios apresentem vícios na construção, como fissuras, infiltrações e outras deficiências resultantes de um mau planejamento arquitetônico - ou mesmo do uso de materiais de construção de baixa qualidade. Prever esse tipo de problema, contudo, é praticamente impossível. Por isso, aconselha Galvão, uma visita a outros lançamentos da construtora é indispensável. "Os problemas tendem a se repetir", diz. Assim, a dica é investigar com os moradores sobre possíveis atrasos na obra, problemas de infraestrutura e descumprimento de promessas. Verifique também se a empresa tem pendências na Justiça ou reclamações na Fundação Procon. Para conferir se a administradora pisou na bola com outros clientes, consulte a lista de reclamações no site do Procon.


3 - Atenção aos documentos: Para não cair em golpes, peça sempre uma cópia do memorial de incorporação da obra. Se o corretor disser que a construção ainda não possui, então nem continue a conversa. "É crime levantar um empreendimento sem estes documentos", diz Crestana, do Secovi. A lei 4591, de 1964, determina que, antes de iniciar qualquer negociação imobiliária, as incorporadoras devem registrar no cartório de imóveis um conjunto de quinze documentos. Entre eles estão a prova da propriedade do terreno, o projeto de construção aprovado pela prefeitura, o cálculo exato da área do imóvel e a descrição do acabamento e material utilizado na construção. "No memorial, tudo é descrito de maneira bem minuciosa. É preciso prestar muita atenção nesses itens", afirma Patrcia Ferraz, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo (Anoreg-SP). Isso porque é muito fácil se encantar com a decoração dos apartamentos em exposição ou com as promessas dos corretores. No entanto, apenas o memorial de incorporação oferece uma dimensão concreta do imóvel que está sendo comprado.


4 - Visite a obra pessoalmente: Não visitar o local de construção da obra é um dos piores erros de quem está negociando um imóvel na planta. É comum que os estandes de vendas das construtoras fiquem em locais mais movimentados, como shopping centers. Muita gente opta pelo mais cômodo e confia apenas na descrição do imóvel feita pelos corretores. O conforto, no entanto, pode virar um pesadelo quando as chaves forem entregues. "Recentemente, vistoriei um empreendimento localizado em uma rua com problema de drenagem. Chovia e a água subia quase um metro", conta Galvão Neto. Ou seja, se os futuros condôminos deste novo prédio não tiverem a precaução de conversar com os moradores da região, poderão ter uma surpresa todas as vezes que nuvens negras se formarem no céu. Bancar o detetive para apurar questões como a infraestrutura urbana, os serviços de água e esgoto e até a presença de feiras ou festas na rua é essencial. Um bom passeio pela vizinhança pode garantir também um esboço sobre a média do IPTU e das taxas condominiais da região. Por outro lado, caso você feche o contrato fora do estabelecimento comercial, o Código de Defesa do Consumidor dá o direito de desistir da compra num período de sete dias. Mas sempre vale a pena checar tudo antes de assinar o contrato.


5 - Não subestime a maquete: Por mais bonita que seja, a maquete não é mero objeto de decoração do estande de vendas. É, sim, o principal instrumento para sua tomada de decisão. Por isso, examine a composição de cada item e pergunte se o que está ali corresponde à realidade do futuro empreendimento. Assim, na hora de escolher o apartamento para comprar, guie-se pelas coordenadas da maquete. "Os apartamentos da face sul tem menor insolação, nos da face norte sempre bate mais sol", afirma o presidente do Secovi-SP. Verifique também para onde dá a vista de cada imóvel - esse tipo de questionamento pode influenciar o preço do apartamento e, no futuro, sua valorização.


6 - Tudo pode ser usado no tribunal: A prevenção é sempre uma ótima aliada para quem está adquirindo um imóvel na planta. Os especialistas recomendam que o comprador guarde todos os papeis ou registros escritos que lhe forem entregues por funcionários da administradora. Vale até folhetos promocionais e e-mails trocados com os corretores. "Tente fazer as perguntas sempre por escrito para ter uma garantia", diz Galvao Neto. Todo este material pode servir como prova caso haja algum abuso por parte da empresa. Não é regra, mas por cautela, vale registrar todo este arquivo no cartório de registro de titulos e documentos.


7 - Torne oficial: Ao fechar o compromisso de compra e venda do imóvel, muitas pessoas se esquecem de registrar o documento. No entanto, pelas leis brasileiras, a propriedade só é transferida após o registro da escritura no cartório de registro de imóveis. "Não basta verificar a vida da pessoa que está vendendo. Sem o registro, você não tem os direitos sobre a propriedade", afirma Patrícia Ferraz. Ela exemplifica com um caso em que a proprietária de um imóvel decidiu registrar a escritura em cartório apenas alguns anos após a compra. "Neste período, a pessoa que vendeu o imóvel ficou com débito na previdência e o patrimônio ficou indisponibilizado", diz. Por outro lado, se você registrar o contrato, a incorporadora será obrigada a pedir sua autorização para qualquer mudança no projeto inicial, por exemplo. Para evitar gastos em dobro no cartório, muita gente não recorre a esta conduta. No entanto, no estado de São Paulo, é possível pagar 30% do valor final do registro da escritura no registro do compromisso de compra e venda do imóvel. Os outros 70% podem ser pagos na hora de registrar a escritura.


8 - Consulte o tabelião: Neste processo, outra dica é firmar o contrato sempre com a assessoria jurídica de um tabelião. Boa parte das construtoras de imóveis tem parceria com advogados que fazem este serviço. No entanto, estima-se que a economia seja de 20% a 40% quando se estabelece uma escritura pública em vez de um contrato particular. Por não ter ligação com nenhuma das partes do acordo, a assessoria do tabelião para compor o contrato será mais imparcial e, por isso, menos arriscada para os compradores. Não são raros os casos de irregularidades neste tipo de contrato - que podem passar "despercebidas", dependendo da parceria do assessor jurídico com a incorporadora. Além disso, caso a construtora se torne inadimplente e não termine a obra, compradores que recorreram à escritura pública tornam-se automaticamente proprietários de parte do terreno onde o imóvel seria construído. Fato que garante maior segurança para a transação.


9 - Fique de olho na política de juros: Um abuso comum neste tipo de transação são os chamados juros no pé. Até a entrega das chaves, o comprador tem a garantia de que não precisará pagar juros. No entanto, assim que o imóvel fica pronto, a incorporadora passa a cobrar juros sobre todo o período financiado. Uma portaria de 2001 emitida pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça considera a prática irregular. No entanto, o assunto não é consensual entre os juristas. Há histórico de ações judiciais que deram ganho de causa para as construtoras que cobraram os juros. Para evitar problemas, recomenda-se criar uma cláusula no contrato que determine a rescisão ou devolução do dinheiro em casos como esse.


10 - Seja beneficiário do seguro: Fique atento aos contratos firmados com as companhias de seguro. Este tipo de acordo serve de garantia tanto para os casos de inadimplência do comprador quanto para irregularidades da administradora. Por isso, fique atento às clausulas que determinam quem é o beneficiário do contrato. Se for a incorporadora, em caso de atraso da obra, ela terá o direito de receber a indenização e ao comprador restará o prejuízo.


E finalmente, consulte um corretor de imóveis credenciado (como eu) de sua confiança.


Fonte: Portal Exame