sábado, 7 de julho de 2012

Orçamento Real - Custo por etapa de uma obra (divulgados na Revista PiniWeb)


(O objetivo da publicação desta matéria no meu blog é informar uma estimativa de valores percentuais que representam cada etapa de uma obra de um empreendimento de 64 unidades de padrão médio (ver tabela no final do Post) que naturalmente é um exemplo, que poderá variar em dezenas de situações, inclusive de construtora para outra, mas são informações muito interessantes para quem é interessado nos custos e despesas na contrução de empreentimentos.   Parabéns à Revista PiniWeb e autores da matéria Aline Mariane e Juliana Cristina Teixeira)

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A incorporadora MBigucci iniciou em setembro de 2010 a construção do empreendimento para a classe média localizado em São Bernardo do Campo, Estado de São Paulo. O edifício residencial ocupa um terreno de 1.200 m², onde está sendo construída uma torre composta por um subsolo, térreo e 16 pavimentos-tipo com quatro apartamentos por andar, totalizando 64 unidades.

O item que mais pesou no orçamento da obra foi a estrutura, com 27,37% de participação nos custos, o equivalente a R$ 1.897.005,84. "Este valor é normal para um empreendimento convencional, com quatro unidades por andar.   A estrutura sempre é o item mais pesado", explica Milton Bigucci Jr., diretor técnico da MBigucci.

Uma das preocupações da incorporadora era otimizar o prazo da obra e, para isso, a empresa optou por revestir a fachada com argamassa projetada. "O custo era um pouco maior, mas pela velocidade da execução nós achamos que compensaria", justifica Milton Bigucci. Ao todo, os revestimentos externos consumiram R$ 89.217,02 ou 1,29% do orçamento da obra.

Resumo da obra:
Incorporação MBigucci

Comercialização Estratégia Empreendimentos Imobiliários
Projeto arquitetônico Maurício da Silveira Vera

Projeto de interiores e paisagístico Verdi Salerno
Fundações estaca hélice contínua

Estrutura concreto armado
Fechamento alvenaria de vedação em bloco de concreto

Início das obras setembro de 2010
Término das obras abril de 2013

Investimento R$ 6.931.596,83

Cautela nos prazos

A preocupação com atrasos no cronograma levou a MBigucci a estabelecer um prazo de entrega maior que o tempo necessário para a conclusão da obra. "No meio do caminho sempre enfrentamos burocracia dos órgãos públicos ou problemas de falta de mão de obra. O cronograma da obra é de 20 meses, mas mantivemos o prazo de dois anos e meio para os clientes, para evitar qualquer risco de atraso", ressalta o diretor da empresa.

A precaução foi bem-vinda, já que problemas com o terreno atrasaram a execução das fundações em estaca hélice contínua. "O solo era muito mole e o equipamento da hélice contínua teve certa dificuldade para se movimentar. As máquinas afundavam", explica Milton Bigucci. Foi necessário recompor o solo com rachão para torná-lo mais resistente superficialmente e, assim, viabilizar a movimentação dos equipamentos. As fundações, que tinham previsão de serem concluídas em 23 dias, foram finalizadas em 40 dias, quase o dobro do tempo estimado.

Outro problema encontrado pela empresa era um talude, localizado logo atrás do canteiro, que estava cedendo sobre a área do empreendimento. Foi necessário executar um sistema de contenção com solo grampeado para resolver o deslizamento. "Não era nada grave, mas implicou um custo adicional que foi considerado nas contenções", explica Milton Bigucci.

Fonte: Revista PiniWeb /Aline Mariane / Apoio de engenharia: Juliana Cristina Teixeira


CUSTO POR ETAPA

SERVIÇOS
TOTAL POR ETAPA (R$)
PARTICIPAÇÃO (%)
Despesas iniciais
212.662,09
3,07
Instalação do canteiro de obras
379.484,05
5,47
Serviços gerais e administração
505.798,26
7,30
Movimentação de terra
77.037,30
1,11
Fundações/infraestrutura
527.522,12
7,61
Estrutura
1.897.005,84
27,37
Alvenaria
481.922,17
6,95
Cobertura e impermeabilização
82.329,95
1,19
Revestimento interno
267.238,40
3,86
Revestimento externo
89.217,02
1,29
Revestimento cerâmico para parede
66.499,91
0,96
Revestimentos especiais
30.321,77
0,44
Esquadrias metálicas
450.909,00
6,51
Peitoris, soleiras e rodapés
22.540,83
0,33
Portas e ferragens
105.148,92
1,52
Ladrilhos e pisos
61.411,90
0,89
Pisos especiais
6.617,09
0,10
Instalações elétricas
302.027,92
4,36
Instalações hidráulicas
283.131,98
4,08
Aparelhos sanitários
161.944,92
2,34
Pintura
275.088,76
3,97
Limpeza
24.217,77
0,35
Serviços complementares e urbanização
70.395,74
1,02
Elevadores
302.722,15
4,37
Outros equipamentos
139.745,90
2,02
Diversos
108.655,07
1,57
Total
6.931.596,83
100%

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Imóvel como investimento é uma ilusão, diz Shiller, professor de Yale especialista no mercado imobiliário americano, não existe garantia alguma de que os preços dos imóveis vão sempre subir

São Paulo – Obcecado por gestão de riscos e especialista no mercado imobiliário americano, o professor da Universidade de Yale Robert Shiller considera que imóveis não são um bom investimento se o objetivo é ganhar dinheiro por meio de sua valorização. “Não existe garantia alguma de que os preços dos imóveis vão para cima”, disse o estudioso recentemente em entrevista ao site “The Motley Fool”.

Na ocasião, Shiller chamou de ilusão a corrida dos americanos aos imóveis ao longo da década de 2000, que culminou com o estouro da bolha em 2007. Bolha, aliás, prevista pelo próprio Shiller ainda em 2003. “Imóveis são ativos que se depreciam, que ficam antiquados; vão acabar no lugar errado. As pessoas vão querer viver em outros lugares, o ganho de capital não é automático”, observou o professor na entrevista.

Perguntado sobre por que os americanos caíram nessa ilusão, Robert Shiller disse não saber por onde começar. As razões listadas têm a ver com psicologia. E não poderia ser diferente, vindo de um dos pais das finanças comportamentais, ramo do estudo de finanças que considera que o lado emocional dos seres humanos que participam dos mercados tem um papel muito importante nas suas decisões de investimento.

 Uma dessas razões é a inflação. Segundo o professor, especialmente há cinco anos ouvia-se muito coisas do tipo: “Minha avó acabou de vender sua casa por 300.000 dólares, e sabe quanto ela pagou em 1952? Apenas 30.000 dólares”.

 “Então o preço aumentou dez vezes. Essas histórias estão no nosso repertório, mas quando você olha de perto, qual foi a alta de preços ao consumidor naquele período? Foi algo por aí também. Ela não fez dinheiro nesse negócio. E estava gastando dinheiro com o imóvel ano após ano com manutenção”, explicou Shiller. Um cálculo preciso da inflação americana no período do exemplo mostra que é isso mesmo: um imóvel de 30.000 dólares, corrigido pela inflação, custaria hoje uns 260.000 dólares.

 Está certo que no Brasil, com sua história de hiperinflação, o comportamento dos índices de preços sempre foi bem diferente. Aliás, a inflação galopante é uma das responsáveis pela cultura do investimento em imóveis do brasileiro, pois houve um tempo em que esta era uma das poucas maneiras de garantir algum valor para o patrimônio. Porém, com índices de inflação mais “normais” hoje em dia, quem quiser ter ganho de capital com a venda de um imóvel precisa sem dúvida descontar a inflação da diferença entre os preços de compra e de venda.

Outra razão citada por Shiller é a influência exercida pelas noções de riqueza crescente no mundo e da finitude da terra. “Nós começamos a encarar propriedades urbanas como terra. E essa é uma mudança no nosso pensamento. Se você voltar centenas de anos, havia especulação com terra neste país, mas não havia especulação com imóveis urbanos. Era senso comum”, diz.

Ele explica que, para George Washington – que era especulador de terras – especular no mercado imobiliário significava comprar milhares de acres por um xelim o acre, e não comprar uma casa na cidade. “Esse hábito se proliferou como sendo algo que todo mundo faz. Você compra uma casa e ela rende muito dinheiro”, conclui o professor.

 O terceiro motivo seria a bolha em si mesma. “O Fed [banco central americano] tinha uma política muito frouxa e isso encorajou a bolha e a subida rápida de preços. Isso acabou proliferando histórias sobre imóveis como investimento”, refletiu Shiller.

 A desconfiança de Shiller em relação ao mercado imobiliário tem a ver com sua aversão ao risco que não se pode gerir. O acadêmico foi um dos criadores do índice Case-Shiller, que acompanha o mercado imobiliário americano, e também de derivativos por meio dos quais é possível fazer hedge nesse mercado, operando vendido em um ambiente que não permite “naturalmente” a gestão de riscos.

 Mas então comprar um imóvel nunca pode ser considerado um investimento? Na mesma entrevista ao site “The Motley Fool”, Shiller explica: “Bem, um imóvel definitivamente é um investimento no sentido de que, para a maioria das pessoas, representa a maior parte de sua riqueza, e é algo com o qual elas podem contar em caso de emergência. Você pode vender a casa para pagar por algo mais importante. Mas a questão deve também levar em conta se um imóvel é um bom investimento no sentido de trazer retorno financeiro”, diz o professor.

 Para ele, poder morar no imóvel é certamente um benefício, mas no que se refere a ganhos de capital, Shiller considera a coisa superestimada. “Meus dados mostram que, de 1890 a 1990, 100 anos, não houve virtualmente valorização real (descontada a inflação) nos preços dos imóveis. E eu acho que as pessoas em 1990 deviam se considerar sortudas de ter ficado no zero a zero, porque os preços poderiam ter caído”, conclui.

Fonte:   Exame.com

sábado, 31 de março de 2012

Arranha-céus indicam hora de sair da bolsa, diz estudo

Empire State Building: bolsa teve anos bem difíceis após o início da construção do prédio

São Paulo – A formação de bolhas em mercados acionários é um tema que sempre intriga economistas e investidores. Por mais que momentos de excesso de otimismo sejam fáceis de se identificar, muita gente continua a perder dinheiro na bolsa porque se recusa a vender uma ação que não para de subir. Ajuda a confundir as pessoas o fato de que sempre há gente prevendo o pior para o mundo – a ironia mais repetida é que os economistas previram dez das últimas cinco recessões.

Também não faltam anedotas sobre os sinais inequívocos de que é realmente hora de sair da bolsa. A mais famosa delas tem como protagonista Joseph Patrick Kennedy, pai do ex-presidente americano John Kennedy. Poucos antes da crise de 1929, Joseph estava engraxando seus sapatos quando o engraxate lhe pediu dicas sobre o mercado acionário. Imediatamente ele pensou que, se até os engraxates estão entrando na bolsa, seria hora de vender todos os papéis. A sagacidade do patriarca da família Kennedy evitou que ele perdesse milhões de dólares nos meses seguintes.

Recentemente o professor Gunther Loffler, da universidade de Ulm, na Alemanha, resolveu propor um novo método para os investidores identificarem bolhas em mercados sempre movediços. Segundo uma reportagem publicada pelo SmartMoney, um site ligado ao Wall Street Journal, o professor conduziu um estudo que sugere que as pessoas devem sair da bolsa sempre que começam a surgir notícias de que o maior arranha-céu do mundo será construído.

Para chegar a essa conclusão, ele analisou dados acumulados desde 1871. Sua conclusão foi de que as bolsas americanas tiveram um resultado 10% inferior à média em períodos de três a cinco anos após o anúncio da construção de prédios imensos.

Mais do que uma simples coincidência, o professor enxergou indícios de que os arranha-céus são fruto de bolhas econômicas. Esse tipo de empreendimento só sai do papel quando os investidores estão otimistas demais para prestar atenção aos riscos. É nesse cenário que as ações costumam ficar supervalorizadas.

O professor Gunther Loffler usa alguns exemplos para ilustrar seu estudo. Com 56 andares, o Woolworth Building começou a ser construído em Nova York em 1910 com a pretensão de se tornar o mais alto edifício do mundo na época. No mesmo ano, o índice Dow Jones recuou 18% em um movimento que ficou conhecido como Pânico de 1910. A correção foi seguida por anos bastante ruins para o mercado. O índice só voltou a alcançar patamares recordes mais de uma década depois.

Outro bom exemplo é o Empire State Building, que foi durante 40 anos o prédio mais alto de Nova York. Com 443 metros de altura, o edifício foi o primeiro do mundo a ter mais de 100 andares. O início da construção data de 1930, um ano após o início da Grande Depressão. O índice Dow Jones só voltaria a atingir patamares recordes mais de 20 anos depois.

Já em junho de 2007, começou a construção do Chicago Spire, que foi planejado para se tornar o edifício mais alto dos Estados Unidos, com 609 metros. Na mesma semana em que foi dado início à construção, o mercado imobiliário americano atingiu seu pico. A crise de 2008, que levou ao aumento da inadimplência no mercado hipotecário e à quebra de dezenas de bancos nos EUA, provocou a interrupção da construção posteriormente.

A partir da análise dos dados, o professor Gunther Loffler também sugeriu aos investidores uma nova estratégia para a gestão do portfólio. Segundo ele, sempre que a construção de um novo arranha-céu é anunciada em um país, o investidor local deve mover seus investimentos em bolsa para títulos de renda fixa. Os recursos só devem voltar para o mercado acionário quatro anos depois. De acordo com Loffler, quem adota essa estratégia obtém retornos bem mais consistentes que os investidores que simplesmente compram ações e os mantêm em carteira por longos períodos de tempo.

Se o estudo estiver correto, essa seria uma excelente hora de vender ações na China e no Oriente Médio, onde estão localizados 11 dos 12 edifícios mais altos do mundo atualmente em construção. O maior sinal de venda está na Arábia Saudita, onde o príncipe Al-Waleed Bin Talal planeja erguer a Kingdom Tower. O prédio terá 1.609 metros e abrigará 80.000 moradores. A Kingdom Tower terá o dobro da altura daquele que atualmente ocupa o posto de maior prédio do mundo, o Burj Khalifa, em Dubai. O edifício nem começou a ser construído, mas, de acordo com o professor da universidade alemã, é hora de ficar bem distante do mercado saudita.

Fonte:  João Sandrini, de  Wikimedia Commons

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Projeto de lei estabelece a fiscalização periódica de edificações em todo o país

Proposta prevê periodicidade de avaliação de acordo com a idade do edifício. Para prédios com mais de 30 anos de existência, inspeção deve ser realizada a cada cinco anos

A Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado está analisando o Projeto de Lei do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que exige a realização periódica de fiscalizações em edifícios e cria também um laudo para a inspeção nessas edificações. O PLS 491/11 inclui qualquer tipo de edificação, menos barragens e estádios de futebol, que já contam com uma legislação específica nesse sentido.

"É uma preocupação que carrego pela profissão que exerci durante anos e anos da minha vida construindo edifícios e, depois, como professor de universidade na cadeira de materiais de construção. A estrutura de concreto armado não é uma estrutura que garanta a estabilidade do prédio sem manutenção. O concreto é uma rocha artificial", disse Crivella, engenheiro de formação.

Segundo o projeto, "o objetivo da inspeção é efetuar o diagnóstico da edificação por meio de vistoria especializada, utilizando-se de laudo para emitir parecer acerca das condições técnicas, de uso e de manutenção, com avaliação do grau de risco à segurança dos usuários".

De acordo com o senador, a proposta inicial era que edificações com mais de 30 anos fossem fiscalizadas a cada cinco anos. Mas, seguindo sugestões do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), o relator do projeto, senador Zezé Perrela (PDT-MG), propôs uma emenda para que as fiscalizações sejam realizadas com os seguintes parâmetros: a cada cinco anos, para edificações com 30 anos ou mais; de três em três anos, para edificações com 40 anos ou mais; a cada dois anos, para edificações com 50 anos ou mais; e anual, para edificações a partir de 60 anos.

A inspeção seria feita por um profissional registrado no sistema Confea/Crea, que produziria um Laudo de Inspeção Técnica de Edificação (Lite), com a avaliação da conformidade da edificação de acordo com a legislação e as normas técnicas pertinentes; explicitação dos tipos de não conformidade encontrados, do grau de risco a eles associado e da necessidade de interdição, se for o caso; prescrição para reparo e manutenção, quando houver, da edificação inspecionada; e assinaturas do(s) inspetor(es) encarregado(s) do Lite e do proprietário ou responsável pela administração da edificação.

A expectativa, segundo Crivella, é que, após aprovação pela CDR, o projeto siga para a Câmara dos Deputados e depois à sanção presidencial até junho. Após a publicação, a lei deve entrar em vigor em 180 dias.

Por  Mauricio Lima

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Maneiras de economizar na compra de um imóvel

Assinar o contrato no pré-lançamento do empreendimento, pagar à vista ou formar um grupo de compra coletiva costumam trazer vantagens na negociação
 
São Paulo – Os preços dos imóveis em cidades como Rio de Janeiro ou São Paulo começam a parecer extremamente elevados para a maioria dos brasileiros. No principal centro financeiro da capital paulista, o Itaim Bibi, alguns lançamentos já saem por mais de 20.000 reais o metro quadrado.
Para fazer os imóveis caberem no bolso dos consumidores, as incorporadoras têm lançado unidades cada vez menores nos bairros nobres ou apostado em empreendimentos mais distantes das regiões centrais, onde os terrenos são mais baratos. O comprador, entretanto, também pode fazer sua parte para gastar menos. A seguir, EXAME.com apresenta três formas de economizar ao comprar um imóvel:

1 – Comprar no pré-lançamento
Segundo Vitorio Panicucci, sócio da Clavi Incorporações, uma pessoa que compre um imóvel na fase de pré-lançamento pode conseguir um desconto de até 5% no valor da propriedade. Ele explica que faz parte da estratégia de marketing das incorporadoras divulgar, por exemplo, que 40% das unidades de um empreendimento imobiliário foram vendidas no dia do lançamento. Na verdade, quando isso acontece, apenas metade desses imóveis costuma ter sido comercializada naquelas 24 horas. Os demais encontraram um interessado um a dois meses antes do lançamento oficial.
Durante esse período, as empresas que já obtiveram o registro da inrporação começam a publicar anúncios em jornais sobre o empreendimento e a imobiliária responsável pelas vendas também busca divulgar o lançamento aos clientes por e-mail ou outras ferramentas. Em alguns casos, o próprio estande de vendas já terá sido montado, assim como o imóvel decorado que ajudará os corretores a transformar aquele empreendimento na planta em realidade.
O que se chama no mercado de lançamento, portanto, está mais para um dia de festa do que para o marco inicial das vendas. Muitos empreendimentos são lançados com shows de artistas famosos, atrações como passeios gratuitos de helicóptero pelo bairro e comida de graça. Esse será o dia de maior visitação do estande. No entanto, não é quando poderão serencontrados os melhores preços, já que, nesse dia, a empresa já espera divulgar aos interessados que boa parte das unidades foi vendida.
Quem compra um imóvel no pré-lançamento também tem maior pode de escolha da unidade preferida (porque quase nada foi vendido) e também poderá negociar melhor o fluxo de pagamentos (não ficando preso à tabelapadrão apresentada a quem vai ao estande de vendas quando quase tudo já foi comercializado).

2 – Antecipar o fluxo de pagamentos
Outra forma de conseguir um bom desconto é antecipar o fluxo de pagamentos do imóvel. Em geral, quem compra um apartamento na planta paga cerca de 30% do valor durante os anos de construção e deixa os outros 70% para financiar junto a algum banco depois que o prédio ficar pronto.     Dependendo do interesse da empresa em levantar dinheiro antes do início das obras, o desconto para quem quita tudo à vista pode chegar a 20%, segundo Panicucci, da Clavi.
A dica de pedir desconto à vista parece óbvia, mas é importante lembrar que as incorporadoras não costumam divulgar essa possibilidade. A tabela de descontos só costuma ser apresentada após a solicitação do cliente. O tamanho do desconto costuma variar de acordo com o percentual de dinheiro que o comprador planeja tirar do bolso antecipadamente e também com o interesse da incorporadora em levantar recursos para reduzir o tamanho do empréstimo que será tomado junto a algum banco para
financiar a construção.
Para avaliar se o desconto é ou não vantajoso, o comprador deve considerar não apenas o percentual oferecido mas também o risco da operação. Se a incorporadora possui uma boa reputação no mercado, o risco de pagar por um imóvel que nunca será entregue cai drasticamente. Outro detalhe importante que deve ser apurado pelo comprador é se um banco já concordou em financiar a obra. Em caso positivo, esse é um sinal positivo de que haverá dinheiro para a conclusão do empreendimento.

3 – Compras coletivas
Esse é um modelo que já começa a ser testado no país. A Save Invest, uma empresa gaúcha de investimentos, oferece a possibilidade de fazer uma compra coletiva de algum imóvel, e, segundo Diego de Cerqueira Lima, sócio da empresa, o modelo permite obter um desconto que pode chegar a até 30% sobre o valor de tabela. O funcionamento do sistema, entretanto, é bem diferente que o de um site de compras coletivas. Em primeiro lugar, as ofertas nunca entram na internet e nem mesmo no site da própria empresa. Os investidores entram em contato com a Save Invest e avisam sobre o interesse em comprar um imóvel com determinada localização, características e preço.
Ao mesmo tempo em que constrói um cadastro de compradores, a Save Invest busca incorporadoras interessadas em vender imóveis no prélançamento por valores mais atrativos. Os descontos, nesse caso, vão refletir não apenas a compra antecipada e possivelmente um fluxo de pagamentos mais interessante para a incorporadora como também o fato de que o grupo vai comprar várias unidades de um único empreendimento.
Um dos empreendimentos vendidos dessa forma foi uma torre de apartamentos de um ou dois dormitórios próximo ao prédio da PUC em Porto Alegre. Os imóveis foram oferecidos aos investidores como uma fonte de renda, já quer teriam as características necessárias para serem alugados a estudantes. O grupo de compras coletivas formado pela Save Invest teve a oportunidade de comprar as unidades por 154.000 reais três meses antes do lançamento oficial. Quando o estande foi aberto em definitivo, o mesmo apartamento custava 190.000 reais. Até o momento, a Save Invest só usou esse sistema para a venda de quatro empreendimentos em Porto Alegre. “Mas já temos planos de expandir para outras cidades”, diz Cerqueira Lima.

FONTE:   EXAME

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Bancos brasileiros buscam formas de surfar o boom imobiliário

Após uns 16 anos de relativa estabilidade econômica, com a inflação em níveis historicamente baixos, os bancos e compradores de imóveis começam a olhar seriamente para os financiamentos imobiliários pela primeira vez na história do Brasil.

Com o mercado brasileiro de crédito imobiliário começando a ganhar tração, os bancos estão procurando novas maneiras de conseguir os recursos de longo prazo necessários para sustentar o rápido crescimento.
 
Com a inflação sob controle, ocorreu um crescimento no interesse pelo crédito imobiliário. No ano passado, os financiamentos habitacionais totalizaram R$ 54,1 bilhões, ante somente R$ 1,9 bilhão dez anos atrás.
 
Ainda assim, o crédito imobiliário representa somente 5% da economia brasileira. Mas espera-se que ele dobre em poucos anos.

Com a expansão do crédito imobiliário, entretanto, surge um outro problema: como captar recursos.
 
Quase todos os financiamentos imobiliários no Brasil são bancados com recursos da poupança, que paga juros abaixo do mercado e destina por lei a maior parte de seus recursos para o financiamento habitacional. Essa combinação desestimula a poupança e cria um gargalo para o mercado do crédito imobiliário.

A Caixa Econômica Federal é a maior detentora de contas de poupança, avaliadas em R$ 144 bilhões, uma minúscula parte dos R$ 4 trilhões do total de ativos do sistema financeiro. A Caixa também administra o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que aloca uma boa parte de seus R$ 260 bilhões para o crédito habitacional.
 
Consequentemente, a Caixa é o maior banco de crédito imobiliário do país, respondendo por 71% dos financiamentos em vigor. Ela quer estender seu alcance e atrair novos investidores aumentando a securitização, o processo pelo qual múltiplos financiamentos imobiliários são agregados em pacotes e depois revendidos a um ou vários investidores.
 
Esse, entretanto, é o mesmo caminho que acabou por levar à crise do subprime, as hipotecas de alto risco, nos Estados Unidos.
 
Autoridades brasileiras são rápidas em apontar para uma combinação de juros baixos e pouca regulamentação que levou os financiadores de imóveis nos EUA a ignorar riscos. Durante décadas, o mercado de crédito imobiliário americano foi perfeitamente saudável e ofereceu a milhões de americanos os recursos para a compra da casa própria.
 
Essas autoridades argumentam que os juros ainda altos no Brasil — a taxa básica do Banco Central está em 11,5%, alta em termos internacionais — e uma regulamentação rigorosa vão evitar que o mercado fuja do controle.
 
O mercado de securitização deu um importante passo esta semana com uma transação que essencialmente torna o FGTS responsável por atrair novos investidores. O FGTS comprou títulos lastreados por créditos imobiliários avaliados em R$ 2,8 bilhões, principalmente da Caixa, mas também do Banco Santander (Brasil) SA e do Itaú Unibanco Holding SA.
 
Espera-se agora que o FGTS venda parte desses títulos para outros investidores e também fique de prontidão para recomprá-los se necessário, ajudando a criar o mercado secundário.
 
"O acordo é a primeira tentativa séria de se criar um mercado secundário para títulos lastreados por financiamentos residenciais no Brasil, e acontece depois de mudanças recentes na política de investimentos do FGTS que o autorizam a comprar essa classe de ativos de bancos e incorporadoras", escreveu a Moody's em seu boletim semanal sobre crédito.
 
Fabio Cleto, vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, disse que há cerca de R$ 7 bilhões em títulos de financiamentos imobiliários brasileiros em circulação e que, assim que esse nível chegar a R$ 10 bilhões, um mercado secundário deve começar a despontar. Um mercado secundário atrairia uma gama de investidores bem mais ampla, colocando mais recursos à disposição do mercado de crédito imobiliário como um todo.
 
De acordo com a Moody's, créditos imobiliários avaliados em mais do dobro desse montante foram ofertados, e uma possível transação no próximo ano pode levar o tamanho geral para perto dos R$ 10 bilhões que Cleto citou.

 
Fonte: The Wall Street Journal



A seguir, três especialistas de diferentes setores ensinam os principais cuidados que todo comprador deve tomar antes, durante e depois do processo de compra de um imóvel na planta:


1 - Defina seus critérios: Antes de começar a peregrinação pelos estandes das incorporadoras, lembre-se que a compra de um imóvel na planta é uma transação de longo prazo. É um tipo de negócio que sempre requer muita análise prévia sobre suas necessidades e realidade financeira nos próximos anos. "A pessoa deve se perguntar qual é o tamanho da prestação que cabe no bolso e qual é a necessidade da família. Quando isso estiver claro, você está pronto para procurar o imóvel adequado para seu perfil", afirma João Crestana, presidente do Secovi-SP, o sindicato da habitação. De acordo com ele, esse simples "cálculo" é suficiente para manter o comprador longe de fechar contratos por impulso.


2 - Bisbilhote o passado da construtora: "Para escapar de problemas, firme contratos com incorporadoras que tenham uma boa reputação no mercado", diz Octávio Galvão Neto, coordenador da Câmara de Avaliação do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo (IBAPE/SP). Não é possível chegar a conclusões concretas sobre a idoneidade da empresa com apenas algumas conversas com o corretor imobiliário no estande de vendas. Segundo especialistas, a primeira estratégia pra se prevenir de eventuais dores de cabeça com empreendimentos imobiliários é analisar o histórico da construtora. E isso demanda muita sola de sapato. É comum, por exemplo, que alguns prédios apresentem vícios na construção, como fissuras, infiltrações e outras deficiências resultantes de um mau planejamento arquitetônico - ou mesmo do uso de materiais de construção de baixa qualidade. Prever esse tipo de problema, contudo, é praticamente impossível. Por isso, aconselha Galvão, uma visita a outros lançamentos da construtora é indispensável. "Os problemas tendem a se repetir", diz. Assim, a dica é investigar com os moradores sobre possíveis atrasos na obra, problemas de infraestrutura e descumprimento de promessas. Verifique também se a empresa tem pendências na Justiça ou reclamações na Fundação Procon. Para conferir se a administradora pisou na bola com outros clientes, consulte a lista de reclamações no site do Procon.


3 - Atenção aos documentos: Para não cair em golpes, peça sempre uma cópia do memorial de incorporação da obra. Se o corretor disser que a construção ainda não possui, então nem continue a conversa. "É crime levantar um empreendimento sem estes documentos", diz Crestana, do Secovi. A lei 4591, de 1964, determina que, antes de iniciar qualquer negociação imobiliária, as incorporadoras devem registrar no cartório de imóveis um conjunto de quinze documentos. Entre eles estão a prova da propriedade do terreno, o projeto de construção aprovado pela prefeitura, o cálculo exato da área do imóvel e a descrição do acabamento e material utilizado na construção. "No memorial, tudo é descrito de maneira bem minuciosa. É preciso prestar muita atenção nesses itens", afirma Patrcia Ferraz, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo (Anoreg-SP). Isso porque é muito fácil se encantar com a decoração dos apartamentos em exposição ou com as promessas dos corretores. No entanto, apenas o memorial de incorporação oferece uma dimensão concreta do imóvel que está sendo comprado.


4 - Visite a obra pessoalmente: Não visitar o local de construção da obra é um dos piores erros de quem está negociando um imóvel na planta. É comum que os estandes de vendas das construtoras fiquem em locais mais movimentados, como shopping centers. Muita gente opta pelo mais cômodo e confia apenas na descrição do imóvel feita pelos corretores. O conforto, no entanto, pode virar um pesadelo quando as chaves forem entregues. "Recentemente, vistoriei um empreendimento localizado em uma rua com problema de drenagem. Chovia e a água subia quase um metro", conta Galvão Neto. Ou seja, se os futuros condôminos deste novo prédio não tiverem a precaução de conversar com os moradores da região, poderão ter uma surpresa todas as vezes que nuvens negras se formarem no céu. Bancar o detetive para apurar questões como a infraestrutura urbana, os serviços de água e esgoto e até a presença de feiras ou festas na rua é essencial. Um bom passeio pela vizinhança pode garantir também um esboço sobre a média do IPTU e das taxas condominiais da região. Por outro lado, caso você feche o contrato fora do estabelecimento comercial, o Código de Defesa do Consumidor dá o direito de desistir da compra num período de sete dias. Mas sempre vale a pena checar tudo antes de assinar o contrato.


5 - Não subestime a maquete: Por mais bonita que seja, a maquete não é mero objeto de decoração do estande de vendas. É, sim, o principal instrumento para sua tomada de decisão. Por isso, examine a composição de cada item e pergunte se o que está ali corresponde à realidade do futuro empreendimento. Assim, na hora de escolher o apartamento para comprar, guie-se pelas coordenadas da maquete. "Os apartamentos da face sul tem menor insolação, nos da face norte sempre bate mais sol", afirma o presidente do Secovi-SP. Verifique também para onde dá a vista de cada imóvel - esse tipo de questionamento pode influenciar o preço do apartamento e, no futuro, sua valorização.


6 - Tudo pode ser usado no tribunal: A prevenção é sempre uma ótima aliada para quem está adquirindo um imóvel na planta. Os especialistas recomendam que o comprador guarde todos os papeis ou registros escritos que lhe forem entregues por funcionários da administradora. Vale até folhetos promocionais e e-mails trocados com os corretores. "Tente fazer as perguntas sempre por escrito para ter uma garantia", diz Galvao Neto. Todo este material pode servir como prova caso haja algum abuso por parte da empresa. Não é regra, mas por cautela, vale registrar todo este arquivo no cartório de registro de titulos e documentos.


7 - Torne oficial: Ao fechar o compromisso de compra e venda do imóvel, muitas pessoas se esquecem de registrar o documento. No entanto, pelas leis brasileiras, a propriedade só é transferida após o registro da escritura no cartório de registro de imóveis. "Não basta verificar a vida da pessoa que está vendendo. Sem o registro, você não tem os direitos sobre a propriedade", afirma Patrícia Ferraz. Ela exemplifica com um caso em que a proprietária de um imóvel decidiu registrar a escritura em cartório apenas alguns anos após a compra. "Neste período, a pessoa que vendeu o imóvel ficou com débito na previdência e o patrimônio ficou indisponibilizado", diz. Por outro lado, se você registrar o contrato, a incorporadora será obrigada a pedir sua autorização para qualquer mudança no projeto inicial, por exemplo. Para evitar gastos em dobro no cartório, muita gente não recorre a esta conduta. No entanto, no estado de São Paulo, é possível pagar 30% do valor final do registro da escritura no registro do compromisso de compra e venda do imóvel. Os outros 70% podem ser pagos na hora de registrar a escritura.


8 - Consulte o tabelião: Neste processo, outra dica é firmar o contrato sempre com a assessoria jurídica de um tabelião. Boa parte das construtoras de imóveis tem parceria com advogados que fazem este serviço. No entanto, estima-se que a economia seja de 20% a 40% quando se estabelece uma escritura pública em vez de um contrato particular. Por não ter ligação com nenhuma das partes do acordo, a assessoria do tabelião para compor o contrato será mais imparcial e, por isso, menos arriscada para os compradores. Não são raros os casos de irregularidades neste tipo de contrato - que podem passar "despercebidas", dependendo da parceria do assessor jurídico com a incorporadora. Além disso, caso a construtora se torne inadimplente e não termine a obra, compradores que recorreram à escritura pública tornam-se automaticamente proprietários de parte do terreno onde o imóvel seria construído. Fato que garante maior segurança para a transação.


9 - Fique de olho na política de juros: Um abuso comum neste tipo de transação são os chamados juros no pé. Até a entrega das chaves, o comprador tem a garantia de que não precisará pagar juros. No entanto, assim que o imóvel fica pronto, a incorporadora passa a cobrar juros sobre todo o período financiado. Uma portaria de 2001 emitida pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça considera a prática irregular. No entanto, o assunto não é consensual entre os juristas. Há histórico de ações judiciais que deram ganho de causa para as construtoras que cobraram os juros. Para evitar problemas, recomenda-se criar uma cláusula no contrato que determine a rescisão ou devolução do dinheiro em casos como esse.


10 - Seja beneficiário do seguro: Fique atento aos contratos firmados com as companhias de seguro. Este tipo de acordo serve de garantia tanto para os casos de inadimplência do comprador quanto para irregularidades da administradora. Por isso, fique atento às clausulas que determinam quem é o beneficiário do contrato. Se for a incorporadora, em caso de atraso da obra, ela terá o direito de receber a indenização e ao comprador restará o prejuízo.


E finalmente, consulte um corretor de imóveis credenciado (como eu) de sua confiança.


Fonte: Portal Exame