sábado, 31 de março de 2012

Arranha-céus indicam hora de sair da bolsa, diz estudo

Empire State Building: bolsa teve anos bem difíceis após o início da construção do prédio

São Paulo – A formação de bolhas em mercados acionários é um tema que sempre intriga economistas e investidores. Por mais que momentos de excesso de otimismo sejam fáceis de se identificar, muita gente continua a perder dinheiro na bolsa porque se recusa a vender uma ação que não para de subir. Ajuda a confundir as pessoas o fato de que sempre há gente prevendo o pior para o mundo – a ironia mais repetida é que os economistas previram dez das últimas cinco recessões.

Também não faltam anedotas sobre os sinais inequívocos de que é realmente hora de sair da bolsa. A mais famosa delas tem como protagonista Joseph Patrick Kennedy, pai do ex-presidente americano John Kennedy. Poucos antes da crise de 1929, Joseph estava engraxando seus sapatos quando o engraxate lhe pediu dicas sobre o mercado acionário. Imediatamente ele pensou que, se até os engraxates estão entrando na bolsa, seria hora de vender todos os papéis. A sagacidade do patriarca da família Kennedy evitou que ele perdesse milhões de dólares nos meses seguintes.

Recentemente o professor Gunther Loffler, da universidade de Ulm, na Alemanha, resolveu propor um novo método para os investidores identificarem bolhas em mercados sempre movediços. Segundo uma reportagem publicada pelo SmartMoney, um site ligado ao Wall Street Journal, o professor conduziu um estudo que sugere que as pessoas devem sair da bolsa sempre que começam a surgir notícias de que o maior arranha-céu do mundo será construído.

Para chegar a essa conclusão, ele analisou dados acumulados desde 1871. Sua conclusão foi de que as bolsas americanas tiveram um resultado 10% inferior à média em períodos de três a cinco anos após o anúncio da construção de prédios imensos.

Mais do que uma simples coincidência, o professor enxergou indícios de que os arranha-céus são fruto de bolhas econômicas. Esse tipo de empreendimento só sai do papel quando os investidores estão otimistas demais para prestar atenção aos riscos. É nesse cenário que as ações costumam ficar supervalorizadas.

O professor Gunther Loffler usa alguns exemplos para ilustrar seu estudo. Com 56 andares, o Woolworth Building começou a ser construído em Nova York em 1910 com a pretensão de se tornar o mais alto edifício do mundo na época. No mesmo ano, o índice Dow Jones recuou 18% em um movimento que ficou conhecido como Pânico de 1910. A correção foi seguida por anos bastante ruins para o mercado. O índice só voltou a alcançar patamares recordes mais de uma década depois.

Outro bom exemplo é o Empire State Building, que foi durante 40 anos o prédio mais alto de Nova York. Com 443 metros de altura, o edifício foi o primeiro do mundo a ter mais de 100 andares. O início da construção data de 1930, um ano após o início da Grande Depressão. O índice Dow Jones só voltaria a atingir patamares recordes mais de 20 anos depois.

Já em junho de 2007, começou a construção do Chicago Spire, que foi planejado para se tornar o edifício mais alto dos Estados Unidos, com 609 metros. Na mesma semana em que foi dado início à construção, o mercado imobiliário americano atingiu seu pico. A crise de 2008, que levou ao aumento da inadimplência no mercado hipotecário e à quebra de dezenas de bancos nos EUA, provocou a interrupção da construção posteriormente.

A partir da análise dos dados, o professor Gunther Loffler também sugeriu aos investidores uma nova estratégia para a gestão do portfólio. Segundo ele, sempre que a construção de um novo arranha-céu é anunciada em um país, o investidor local deve mover seus investimentos em bolsa para títulos de renda fixa. Os recursos só devem voltar para o mercado acionário quatro anos depois. De acordo com Loffler, quem adota essa estratégia obtém retornos bem mais consistentes que os investidores que simplesmente compram ações e os mantêm em carteira por longos períodos de tempo.

Se o estudo estiver correto, essa seria uma excelente hora de vender ações na China e no Oriente Médio, onde estão localizados 11 dos 12 edifícios mais altos do mundo atualmente em construção. O maior sinal de venda está na Arábia Saudita, onde o príncipe Al-Waleed Bin Talal planeja erguer a Kingdom Tower. O prédio terá 1.609 metros e abrigará 80.000 moradores. A Kingdom Tower terá o dobro da altura daquele que atualmente ocupa o posto de maior prédio do mundo, o Burj Khalifa, em Dubai. O edifício nem começou a ser construído, mas, de acordo com o professor da universidade alemã, é hora de ficar bem distante do mercado saudita.

Fonte:  João Sandrini, de  Wikimedia Commons

A seguir, três especialistas de diferentes setores ensinam os principais cuidados que todo comprador deve tomar antes, durante e depois do processo de compra de um imóvel na planta:


1 - Defina seus critérios: Antes de começar a peregrinação pelos estandes das incorporadoras, lembre-se que a compra de um imóvel na planta é uma transação de longo prazo. É um tipo de negócio que sempre requer muita análise prévia sobre suas necessidades e realidade financeira nos próximos anos. "A pessoa deve se perguntar qual é o tamanho da prestação que cabe no bolso e qual é a necessidade da família. Quando isso estiver claro, você está pronto para procurar o imóvel adequado para seu perfil", afirma João Crestana, presidente do Secovi-SP, o sindicato da habitação. De acordo com ele, esse simples "cálculo" é suficiente para manter o comprador longe de fechar contratos por impulso.


2 - Bisbilhote o passado da construtora: "Para escapar de problemas, firme contratos com incorporadoras que tenham uma boa reputação no mercado", diz Octávio Galvão Neto, coordenador da Câmara de Avaliação do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo (IBAPE/SP). Não é possível chegar a conclusões concretas sobre a idoneidade da empresa com apenas algumas conversas com o corretor imobiliário no estande de vendas. Segundo especialistas, a primeira estratégia pra se prevenir de eventuais dores de cabeça com empreendimentos imobiliários é analisar o histórico da construtora. E isso demanda muita sola de sapato. É comum, por exemplo, que alguns prédios apresentem vícios na construção, como fissuras, infiltrações e outras deficiências resultantes de um mau planejamento arquitetônico - ou mesmo do uso de materiais de construção de baixa qualidade. Prever esse tipo de problema, contudo, é praticamente impossível. Por isso, aconselha Galvão, uma visita a outros lançamentos da construtora é indispensável. "Os problemas tendem a se repetir", diz. Assim, a dica é investigar com os moradores sobre possíveis atrasos na obra, problemas de infraestrutura e descumprimento de promessas. Verifique também se a empresa tem pendências na Justiça ou reclamações na Fundação Procon. Para conferir se a administradora pisou na bola com outros clientes, consulte a lista de reclamações no site do Procon.


3 - Atenção aos documentos: Para não cair em golpes, peça sempre uma cópia do memorial de incorporação da obra. Se o corretor disser que a construção ainda não possui, então nem continue a conversa. "É crime levantar um empreendimento sem estes documentos", diz Crestana, do Secovi. A lei 4591, de 1964, determina que, antes de iniciar qualquer negociação imobiliária, as incorporadoras devem registrar no cartório de imóveis um conjunto de quinze documentos. Entre eles estão a prova da propriedade do terreno, o projeto de construção aprovado pela prefeitura, o cálculo exato da área do imóvel e a descrição do acabamento e material utilizado na construção. "No memorial, tudo é descrito de maneira bem minuciosa. É preciso prestar muita atenção nesses itens", afirma Patrcia Ferraz, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo (Anoreg-SP). Isso porque é muito fácil se encantar com a decoração dos apartamentos em exposição ou com as promessas dos corretores. No entanto, apenas o memorial de incorporação oferece uma dimensão concreta do imóvel que está sendo comprado.


4 - Visite a obra pessoalmente: Não visitar o local de construção da obra é um dos piores erros de quem está negociando um imóvel na planta. É comum que os estandes de vendas das construtoras fiquem em locais mais movimentados, como shopping centers. Muita gente opta pelo mais cômodo e confia apenas na descrição do imóvel feita pelos corretores. O conforto, no entanto, pode virar um pesadelo quando as chaves forem entregues. "Recentemente, vistoriei um empreendimento localizado em uma rua com problema de drenagem. Chovia e a água subia quase um metro", conta Galvão Neto. Ou seja, se os futuros condôminos deste novo prédio não tiverem a precaução de conversar com os moradores da região, poderão ter uma surpresa todas as vezes que nuvens negras se formarem no céu. Bancar o detetive para apurar questões como a infraestrutura urbana, os serviços de água e esgoto e até a presença de feiras ou festas na rua é essencial. Um bom passeio pela vizinhança pode garantir também um esboço sobre a média do IPTU e das taxas condominiais da região. Por outro lado, caso você feche o contrato fora do estabelecimento comercial, o Código de Defesa do Consumidor dá o direito de desistir da compra num período de sete dias. Mas sempre vale a pena checar tudo antes de assinar o contrato.


5 - Não subestime a maquete: Por mais bonita que seja, a maquete não é mero objeto de decoração do estande de vendas. É, sim, o principal instrumento para sua tomada de decisão. Por isso, examine a composição de cada item e pergunte se o que está ali corresponde à realidade do futuro empreendimento. Assim, na hora de escolher o apartamento para comprar, guie-se pelas coordenadas da maquete. "Os apartamentos da face sul tem menor insolação, nos da face norte sempre bate mais sol", afirma o presidente do Secovi-SP. Verifique também para onde dá a vista de cada imóvel - esse tipo de questionamento pode influenciar o preço do apartamento e, no futuro, sua valorização.


6 - Tudo pode ser usado no tribunal: A prevenção é sempre uma ótima aliada para quem está adquirindo um imóvel na planta. Os especialistas recomendam que o comprador guarde todos os papeis ou registros escritos que lhe forem entregues por funcionários da administradora. Vale até folhetos promocionais e e-mails trocados com os corretores. "Tente fazer as perguntas sempre por escrito para ter uma garantia", diz Galvao Neto. Todo este material pode servir como prova caso haja algum abuso por parte da empresa. Não é regra, mas por cautela, vale registrar todo este arquivo no cartório de registro de titulos e documentos.


7 - Torne oficial: Ao fechar o compromisso de compra e venda do imóvel, muitas pessoas se esquecem de registrar o documento. No entanto, pelas leis brasileiras, a propriedade só é transferida após o registro da escritura no cartório de registro de imóveis. "Não basta verificar a vida da pessoa que está vendendo. Sem o registro, você não tem os direitos sobre a propriedade", afirma Patrícia Ferraz. Ela exemplifica com um caso em que a proprietária de um imóvel decidiu registrar a escritura em cartório apenas alguns anos após a compra. "Neste período, a pessoa que vendeu o imóvel ficou com débito na previdência e o patrimônio ficou indisponibilizado", diz. Por outro lado, se você registrar o contrato, a incorporadora será obrigada a pedir sua autorização para qualquer mudança no projeto inicial, por exemplo. Para evitar gastos em dobro no cartório, muita gente não recorre a esta conduta. No entanto, no estado de São Paulo, é possível pagar 30% do valor final do registro da escritura no registro do compromisso de compra e venda do imóvel. Os outros 70% podem ser pagos na hora de registrar a escritura.


8 - Consulte o tabelião: Neste processo, outra dica é firmar o contrato sempre com a assessoria jurídica de um tabelião. Boa parte das construtoras de imóveis tem parceria com advogados que fazem este serviço. No entanto, estima-se que a economia seja de 20% a 40% quando se estabelece uma escritura pública em vez de um contrato particular. Por não ter ligação com nenhuma das partes do acordo, a assessoria do tabelião para compor o contrato será mais imparcial e, por isso, menos arriscada para os compradores. Não são raros os casos de irregularidades neste tipo de contrato - que podem passar "despercebidas", dependendo da parceria do assessor jurídico com a incorporadora. Além disso, caso a construtora se torne inadimplente e não termine a obra, compradores que recorreram à escritura pública tornam-se automaticamente proprietários de parte do terreno onde o imóvel seria construído. Fato que garante maior segurança para a transação.


9 - Fique de olho na política de juros: Um abuso comum neste tipo de transação são os chamados juros no pé. Até a entrega das chaves, o comprador tem a garantia de que não precisará pagar juros. No entanto, assim que o imóvel fica pronto, a incorporadora passa a cobrar juros sobre todo o período financiado. Uma portaria de 2001 emitida pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça considera a prática irregular. No entanto, o assunto não é consensual entre os juristas. Há histórico de ações judiciais que deram ganho de causa para as construtoras que cobraram os juros. Para evitar problemas, recomenda-se criar uma cláusula no contrato que determine a rescisão ou devolução do dinheiro em casos como esse.


10 - Seja beneficiário do seguro: Fique atento aos contratos firmados com as companhias de seguro. Este tipo de acordo serve de garantia tanto para os casos de inadimplência do comprador quanto para irregularidades da administradora. Por isso, fique atento às clausulas que determinam quem é o beneficiário do contrato. Se for a incorporadora, em caso de atraso da obra, ela terá o direito de receber a indenização e ao comprador restará o prejuízo.


E finalmente, consulte um corretor de imóveis credenciado (como eu) de sua confiança.


Fonte: Portal Exame