segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O Brasil vive um boom imobiliário

Milhões de famílias adquirem o primeiro imóvel, mudam para um maior ou investem num ativo real que tende a se valorizar com o tempo. É uma euforia geral. Nunca antes neste país o preço dos imóveis subiu tanto em tão pouco tempo.
 
Um amigo, por exemplo, vendeu há três anos um imóvel de dois dormitórios nos Jardins, em São Paulo, por R$ 160 mil. Hoje esse imóvel custa R$ 450 mil - valorização de 30% ao ano por quatro anos consecutivos. Um retorno invejável se comparado a outras aplicações. Pesquisa da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) revela que o preço do metro quadrado de imóveis de dois dormitórios em São Paulo subiu 42,86% no primeiro quadrimestre de 2010, na comparação com igual período de 2009. Segundo cálculos do administrador de investimentos Fabio Colombo, o capital investido no período em CDIs valorizou-se 9,19% e na caderneta de poupança, 6,68%. Em ouro, teve desvalorização de 6,84% e, em dólar, retração de 23,83%. Outro estudo da Embraesp mostra que o preço médio do metro quadrado do apartamento de um dormitório subiu 75% entre 2008 e 2010.
 
A questão é: esse crescimento é sustentável? Vivemos uma bolha imobiliária?
 
Para o grande grupo que afirma que não (banqueiros, investidores e construtores), esse crescimento é sustentável e a tendência é de mais alta nos preços. Essa maioria argumenta que o crédito imobiliário no País é baixo em relação ao PIB, algo em torno de 2%, insignificante se comparado aos 68% nos EUA, 75% na Inglaterra ou 20% no Chile. Também aponta o grande déficit habitacional do País, a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 como impulsores do crescimento do setor.

Não nos vamos iludir. Vivemos uma bolha imobiliária e ela pode estourar em breve. Alguns "sinais periféricos", no jargão dos futuristas, nos levam a pensar assim.
Regras básicas do negócio de imóveis: um pronto vale mais do que na planta, o aluguel gira em torno de 0,5% a 1% do seu valor, o preço do metro quadrado de dois semelhantes varia consideravelmente se tiverem "idades" muito diferentes. Para uma boa compra, muita pesquisa e paciência. Tais regras não valem atualmente.

Pode parecer sedutor um apartamento na planta no litoral sul de São Paulo vendido pelo mesmo preço de outro já pronto no mesmo empreendimento, em outra torre, com melhor localização. Mas o valor é parcelado, terá incidência de juros após a entrega das chaves. Tão estranho quanto isso é o fato de esses imóveis serem vendidos pelo mesmo preço de uma cobertura vizinha, pronta há três anos, mas com o dobro da área útil.

E por que pagar 50% a mais pelo metro quadrado por uma diferença de apenas três anos entre os imóveis, já que as demais condições (localização, infraestrutura, etc.) são as mesmas? A justificativa do corretor é a grande alta no preço dos terrenos nos últimos três anos. Ah, bom, então está explicado! Imóveis têm sido vendidos no prazo de uma semana - o prazo normal era de meses e até anos em épocas anteriores. Quebras de lógica assim já ocorreram no boom dos negócios da internet, no final dos anos 1990, e no boom dos flats em São Paulo, no início dos anos 2000. Ambas viraram bolhas que estouraram.
Recente reportagem na TV mostrou um casal que foi passear num shopping, entrou no estande de uma construtora e saiu com apartamento novo. Compra de apartamento por impulso? Essa é nova. Os aluguéis reforçam a suspeita. Em tese, a locação de um imóvel que duplicou de preço deveria também dobrar. Mas a renda do inquilino não duplicou no mesmo período. Se esses aumentos generalizados forem absorvidos pelo mercado, causarão pressão inflacionária generalizada pelo País. Imóveis residenciais para todas as faixas de renda e comerciais de todos os tamanhos sofrem alta. Pesquisa da Cushman & Wakefield aponta, por exemplo, que o preço em reais de locação do metro quadrado comercial de alto padrão, no Rio de Janeiro, subiu 60% entre o terceiro trimestre de 2009 e o terceiro trimestre de 2010.
Essa pressão inflacionária, se somada a outras possíveis, como o aumento da taxa de câmbio, pode desencadear inflação, já que um quinto dos bens consumidos hoje no Brasil provém do exterior. Mais inflação significa aumento da correção e do valor das parcelas de financiamentos superior ao que muita gente pode pagar. Começaria uma onda de inadimplência. Resultado: algo semelhante à crise do subprime americano. E lá a taxa de juros do crédito imobiliário é de 5%, ante os 12% daqui.
Se os aumentos de aluguel não forem absorvidos pelo mercado, o investimento em imóveis deixaria de ser interessante, pois o valor da locação cairia muito em termos porcentuais em relação ao valor do imóvel. Investidores teriam de vender "estoques" e buscar algo mais rentável, desencadeando uma onda de vendas, contribuindo para estourar a bolha.

O brasileiro, em geral, calcula se a parcela cabe no salário, esquece taxas de juros, manutenção, impostos e fator de correção monetária escolhido. Também nunca teve tanta disponibilidade de crédito, e aproveita - para imóvel, carro, eletrodomésticos, computador, etc. Recente Relatório de Inflação do Banco Central informa que as dívidas "comem" 23,8% da renda dos brasileiros, ante 17,02% dos americanos. E se a inflação subir? E se a China parar de crescer tanto? E se todo esse dinheiro estrangeiro que inunda o Brasil deixar o País em busca de outras praias, como será o dia seguinte? Em tempo: há uns dois anos não víamos tantos anúncios de imóveis novos em jornais com comparativos de preços por metro quadrado. Será um sinal de mudança no rumo dos ventos?
Agora é acompanhar a escolha de toda a equipe de Dilma, a inflação, a entrada de recursos no País, o desemprego e o mercado imobiliário em si. Sinceramente, espero estar errado. Mas não vou investir no mercado imobiliário até 2012.

Fonte:   O Estado de S.Paulo / Heitor Mello Peixoto    (Sócio-Fundador da Eyesonfuture (www.eyesonfuture.com.br), Consultoria Especializada em Cenários Empresariais, Foi Sócio-Fundador da Business School São Paulo (BSP))

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

F E L I Z N A T A L ! ! !

Associação dá dicas de como comprar cotas de consórcio de forma segura - ABAC recomenda leitura atenta do contrato e desconfiança em relação a promessas boas demais para serem verdade

Já diz o ditado que quando a esmola é demais, o santo desconfia. É nessa linha que a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio dá o primeiro alerta para quem está pensando em comprar cotas de consórcio: desconfie de anúncios que oferecem muitas vantagens. A ABAC lembra que nada do que for dito em comerciais ou conversas com corretores é válido, a não ser que esteja expresso no contrato.

O contrato é o documento que vai detalhar quais os direitos e os deveres do comprador e da administradora. Por isso, a ABAC recomenda que ele seja lido de ponta a ponta, com muita atenção. Se não entender algum dos itens, é preciso esclarecer as dúvidas. E se não for suficiente, é indicado contatar a administradora - ou a própria Associação - e solicitar mais informações.
 
As informações que devem estar no contrato incluem a possibilidade e a forma de antecipação das prestações, e se há como escolher crédito maior ou menor antes de ser contemplado. O documento também precisa descrever como será o processo de contemplação dos cotistas.

A recomendação da Associação é de que sejam verificados, ainda, o modo de funcionamento do grupo, seu prazo de duração e o percentual de contribuições. Além, é claro, do crédito que está sendo comprado - ele precisa estar claro no contrato. Despesas que podem ou vão ser cobradas dos clientes, tipos de seguro exigidos e garantias fornecidas quando houver contemplação também entram na lista.
 
Finalmente, a ABAC alerta para que só se compre cotas de administradoras de consórcio autorizadas pelo Banco Central, que regulamenta a atividade. Caso haja dúvidas, pode-se entrar em contato com a Associação pelo site oficial ou pelo telefone (11) 3231.5022.


Fonte:  Portal VGV

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

PAGAR PRESTAÇÃO DE IMÓVEL É MAIS VANTAJOSO DO QUE PAGAR ALUGUEL, AFIRMA IPEA


Levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que, no Brasil, fica mais barato pagar a prestação relativa à compra de um imóvel do que pagar aluguel. O estudo mostra também que a proporção dos que pagam prestação de imóvel aumentou ao longo da última década.

Segundo o Técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea Pedro Humberto Carvalho, “o aluguel tem um sistema contratual que leva o inquilino a renegociar o valor das prestações a cada trinta meses e ao sabor do mercado. Como vivemos um boom do ponto de vista da valorização dos imóveis, isso é automaticamente repassado ao aluguel”. Em contrapartida, explica o economista, “os contratos de financiamentos são de longo prazo, com taxas de juros mais baixas e têm ainda como proteção o fato de que o valor do imóvel aumenta, mas o valor da prestação continua o mesmo”.

Ele ressalta, porém, que o levantamento do Ipea só vai até 2009 e que a situação pode mudar daqui para frente a partir do programa Minha Casa, Minha Vida do Governo Federal. “Nós só vamos sentir os efeitos do Minha Casa, Minha Vida na próxima Pesquisa de Orçamento Familiar [POF], se [o programa] realmente procura corrigir esse problema aumentando o crédito para a população de mais baixa renda”, que ganha até 3 salários-mínimos.

Os dados indicam que o custo da habitação pesa mais sobre a população mais pobre, que chega a pagar de aluguel por mês até 2% do valor venal do imóvel, enquanto a população mais rica paga uma prestação bem mais baixa por ter acesso a financiamentos imobiliários.

Entre a fatia dos 25% mais ricos da população brasileira, 9% têm contratos de financiamento imobiliário, enquanto na outra ponta, dos 25% mais pobres, apenas 1,3% são mutuários de programas habitacionais.

Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A briga ainda é por preço?

A cidade de São Paulo é uma metrópole de aproximadamente 11 milhões de habitantes Deste total, quase 58% da população pode ser classificada como pertencente às classes C, D e E. Ao longo dos últimos anos, o poder de compra de seus moradores tem crescido gradativamente o que constitui um mercado significativo para as empresas. O rendimento médio dos chefes de família da cidade de São Paulo é de R$ 1.325,43 e as subprefeituras/bairros possuem características distintas entre si.

O interesse das grandes empresas pelo mercado popular tem aumentado nos últimos anos no Brasil e em outros países emergentes. Para atender este contingente humano crescente, as empresas têm adotado postura inovadora no desenvolvimento de novos produtos e no entendimento das especificidades deste mercado. Entender quais são os atributos mais importantes na decisão de compra do consumidor e como as empresas devem organizar-se para atender este segmento da população é imperativo para atuar efetivamente neste mercado de produtos populares

Conforme os dados de pesquisas recentes da FIA, os fatores preço e qualidade são dois itens importantes na decisão de compra do consumidor. Pode-se associar o fator qualidade-marca às necessidades evolutivas que precisam ser atendidas ao longo do tempo. Note-se que não se busca inovações constantes como no caso dos produtos premium, mas identifica-se que depois de algum tempo, o mercado demanda novas funcionalidades. Existe uma pressão, mas ela não é contínua. O mesmo raciocínio vale para a pressão por preços. Embora o preço de um produto popular precise estar em um patamar adequado para atender a população de baixa renda, a partir do momento que a indústria disponibiliza novas funcionalidades e/ou novas tecnologias, surge um espaço para aceitação de uma pequena elevação no preço, diferentemente das commodities que sofrem pressão contínua por redução de preço.

Desta maneira, a proposta que se revela das pesquisas reside na tessitura de uma estratégia específica para as empresas que pretendem atender o mercado de produtos populares: estratégia de adequação – fit strategy. Seus componentes principais são:

-  Ter um produto de qualidade. Conforme as nossas pesquisas de campo, o quesito marca ficou bastante associado à qualidade. Sugere-se, portanto, o desenvolvimento de marca.

-  Ser acessível. Dentro deste item deve-se destacar a questão do preço ser baixo e a possibilidade de acesso a crédito, conhecido atualmente como parcelização.

-  Atender aos requisitos do cliente. Centrar o desenvolvimento de produtos em características essenciais para o atendimento do cliente que não busca um produto superior, procura algo que lhe atenda de forma concreta; se atender a menor, não compra, pois não lhe proporcionará o atendimento a sua necessidades e o consumidor não terá outra oportunidade breve de compra; se atender a maior, não compra, pois sabe que esta pagando mais por algo que não necessita. O produto deve ser totalmente adequado ao gosto do consumidor.

-  Alinhar os valores da empresa com os valores do mercado consumidor. Procurar atender às aspirações específicas das classes populares, não reproduzir na classe popular o atendimento consagrado nas classes mais favorecidas.
Navegar nos mercados populares demanda estratégias empresarias específicas que não se assemelham a uma extensão das usadas para outros públicos. Fit Strategy é uma proposição de reflexão para novos caminhos nos mercados populares emergentes.


Fonte:  Portal VGV / Fábio Lotti Oliva e Celso Cláudio de Hildebrand e Grisi

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Programas de exercícios para todo o condomínio Saiba como aproveitar a área comum do prédio e montar treinamentos personalizados sem pagar caro

Condomínio tem uma pista de cooper com cerca de 1 quilômetro

Que tal dançar balé no salão de festas do prédio? Ou ter aulas de ginástica ao ar livre, na quadra poliesportiva? A área comum de condomínios residenciais está sendo usada para programas de exercícios personalizados, elaborados de acordo com os perfis e preferências dos moradores. A principal vantagem é a comodidade.

“Se tivesse que pegar meu carro e enfrentar o trânsito, não conseguiria fazer ginástica e musculação cinco vezes por semana”, afirma advogada Pérola Sarti, de 33 anos.

Ela é moradora do Condomínio Panamby, na zona Sul de São Paulo, onde a academia Bem Me Quer Sports montou uma série de programas de exercícios. “Podemos oferecer várias modalidades esportivas, como futebol, tênis, balé, judô e natação”, revela o sócio-diretor Marcello Cafaro.

O primeiro passo é identificar quais são as atividades de interesse dos moradores. “É judô para as crianças? Musculação? Dança de salão? Tem que ver o que eles querem para selecionar os professores certos e montar a grade de aulas”, explica Cafaro.

O planejamento requer atenção a muitos detalhes. “Se tiver natação para criança, é preciso um número certo de professores dentro da água por segurança. A piscina também precisa ser aquecida”, esclarece Rodrigo Flores, sócio-fundador da HomeFit, outra empresa com foco em condomínios.

A empresa atua em condomínios de alto padrão, como o Reserva Granja Julieta, na zona Sul de São Paulo. “Aqui tem uma boa infraestrutura, o que permite realizar vários tipos de aulas”, conta Flores. A área comum conta com sala de musculação e de ginástica; duas piscinas, sendo uma aquecida; pista de corrida com cerca de 1 quilômetro entorno dos prédios e quadra poliesportiva.

Cultura do esporte

No começo, um grupo de moradores solicitou o atendimento personalizado para algumas aulas e pagou a parte pelo serviço. “A gente cobrava por boletos apenas de quem participava das aulas”, conta Leonardo Novais, também sócio-fundador da empresa.

Com a presença dos professores, outros moradores se interessaram e, após uma assembleia, ficou decidido que o serviço seria contratado pela administradora do condomínio e o custo das aulas seria dividido igualmente entre todos os 260 apartamentos.

“Isso dilui bastante a taxa por apartamento que, neste caso, ficou em R$ 60 (o valor total do condomínio é de aproximadamente R$ 900)”, conta Novais. Agora, todo morador pode participar.

Na assembleia, moradores de 61 apartamentos decidiram participar. Mas este número tem crescido. Existe uma espécie de cota de aulas que pode ser remanejada de acordo com a demanda.

“Se a gente percebe que uma aula não deu muito certo podemos mudar a programação e ver se existe algum pedido entre os moradores, algo que eles queiram fazer ou experimentar", explica. O contrato é renovado a cada seis meses e, neste momento, podem ser negociadas alterações no valor de acordo com as mudanças na demanda do condomínio.

Cafaro, da Academia Bem Me Quer Sports, explica que é como um longo namoro a relação entre os professores e os moradores. “É preciso estar sempre vendo e revendo o que o grupo quer. Não podemos simplesmente oferecer pacotes fechados”, avalia.

 
Leonardo Novais acompanha aula de bicicleta na academia do condomínio

A família toda

Uma das vantagens citadas por muitos moradores é a comodidade de ter atividades para toda a família sem sair do condomínio. “Os adultos gostam de musculação, ginástica e pilates. As crianças adoram natação, balé, judô e futebol”, observa Cafaro. Há também hidroginástica, uma boa opção para a terceira idade.

“Fazemos até atividades de recreação infantil. Eventos como o Halloween atraem muita gente”, revela Novais. Para Pérola, moradora do Panamby, treinar no prédio em que mora ajuda a fazer amizade com a vizinhança, o que acaba sendo um incentivo para se manter fiel ao programa de exercícios.

Companhia para treinar é uma recomendação recorrente aos adeptos da malhação. Seja formando equipes para competições amadoras ou parcerias informais para treinar na academia, ter companhia sempre ajuda. “A pessoa conversa, se distrai, ai o exercício fica mais tranquilo”, diz Cafaro.

A questão da segurança também tem seu peso. “Temos aulas de balé infantil à tarde e as crianças são trazidas pelas empregadas. Isso dá mais tranquilidade às mães que estão no trabalho. Elas não precisam ficar preocupadas, imaginando que algo possa ter acontecido na rua”, afirma Novais.

A Academia Bem Me Quer Sports já atende quatro condomínios. Já a HomeFit atende três, e outras duas empresas, nas quais oferece ginástica laboral.


Fonte: Portal IG/Bruno Folli


A seguir, três especialistas de diferentes setores ensinam os principais cuidados que todo comprador deve tomar antes, durante e depois do processo de compra de um imóvel na planta:


1 - Defina seus critérios: Antes de começar a peregrinação pelos estandes das incorporadoras, lembre-se que a compra de um imóvel na planta é uma transação de longo prazo. É um tipo de negócio que sempre requer muita análise prévia sobre suas necessidades e realidade financeira nos próximos anos. "A pessoa deve se perguntar qual é o tamanho da prestação que cabe no bolso e qual é a necessidade da família. Quando isso estiver claro, você está pronto para procurar o imóvel adequado para seu perfil", afirma João Crestana, presidente do Secovi-SP, o sindicato da habitação. De acordo com ele, esse simples "cálculo" é suficiente para manter o comprador longe de fechar contratos por impulso.


2 - Bisbilhote o passado da construtora: "Para escapar de problemas, firme contratos com incorporadoras que tenham uma boa reputação no mercado", diz Octávio Galvão Neto, coordenador da Câmara de Avaliação do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo (IBAPE/SP). Não é possível chegar a conclusões concretas sobre a idoneidade da empresa com apenas algumas conversas com o corretor imobiliário no estande de vendas. Segundo especialistas, a primeira estratégia pra se prevenir de eventuais dores de cabeça com empreendimentos imobiliários é analisar o histórico da construtora. E isso demanda muita sola de sapato. É comum, por exemplo, que alguns prédios apresentem vícios na construção, como fissuras, infiltrações e outras deficiências resultantes de um mau planejamento arquitetônico - ou mesmo do uso de materiais de construção de baixa qualidade. Prever esse tipo de problema, contudo, é praticamente impossível. Por isso, aconselha Galvão, uma visita a outros lançamentos da construtora é indispensável. "Os problemas tendem a se repetir", diz. Assim, a dica é investigar com os moradores sobre possíveis atrasos na obra, problemas de infraestrutura e descumprimento de promessas. Verifique também se a empresa tem pendências na Justiça ou reclamações na Fundação Procon. Para conferir se a administradora pisou na bola com outros clientes, consulte a lista de reclamações no site do Procon.


3 - Atenção aos documentos: Para não cair em golpes, peça sempre uma cópia do memorial de incorporação da obra. Se o corretor disser que a construção ainda não possui, então nem continue a conversa. "É crime levantar um empreendimento sem estes documentos", diz Crestana, do Secovi. A lei 4591, de 1964, determina que, antes de iniciar qualquer negociação imobiliária, as incorporadoras devem registrar no cartório de imóveis um conjunto de quinze documentos. Entre eles estão a prova da propriedade do terreno, o projeto de construção aprovado pela prefeitura, o cálculo exato da área do imóvel e a descrição do acabamento e material utilizado na construção. "No memorial, tudo é descrito de maneira bem minuciosa. É preciso prestar muita atenção nesses itens", afirma Patrcia Ferraz, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo (Anoreg-SP). Isso porque é muito fácil se encantar com a decoração dos apartamentos em exposição ou com as promessas dos corretores. No entanto, apenas o memorial de incorporação oferece uma dimensão concreta do imóvel que está sendo comprado.


4 - Visite a obra pessoalmente: Não visitar o local de construção da obra é um dos piores erros de quem está negociando um imóvel na planta. É comum que os estandes de vendas das construtoras fiquem em locais mais movimentados, como shopping centers. Muita gente opta pelo mais cômodo e confia apenas na descrição do imóvel feita pelos corretores. O conforto, no entanto, pode virar um pesadelo quando as chaves forem entregues. "Recentemente, vistoriei um empreendimento localizado em uma rua com problema de drenagem. Chovia e a água subia quase um metro", conta Galvão Neto. Ou seja, se os futuros condôminos deste novo prédio não tiverem a precaução de conversar com os moradores da região, poderão ter uma surpresa todas as vezes que nuvens negras se formarem no céu. Bancar o detetive para apurar questões como a infraestrutura urbana, os serviços de água e esgoto e até a presença de feiras ou festas na rua é essencial. Um bom passeio pela vizinhança pode garantir também um esboço sobre a média do IPTU e das taxas condominiais da região. Por outro lado, caso você feche o contrato fora do estabelecimento comercial, o Código de Defesa do Consumidor dá o direito de desistir da compra num período de sete dias. Mas sempre vale a pena checar tudo antes de assinar o contrato.


5 - Não subestime a maquete: Por mais bonita que seja, a maquete não é mero objeto de decoração do estande de vendas. É, sim, o principal instrumento para sua tomada de decisão. Por isso, examine a composição de cada item e pergunte se o que está ali corresponde à realidade do futuro empreendimento. Assim, na hora de escolher o apartamento para comprar, guie-se pelas coordenadas da maquete. "Os apartamentos da face sul tem menor insolação, nos da face norte sempre bate mais sol", afirma o presidente do Secovi-SP. Verifique também para onde dá a vista de cada imóvel - esse tipo de questionamento pode influenciar o preço do apartamento e, no futuro, sua valorização.


6 - Tudo pode ser usado no tribunal: A prevenção é sempre uma ótima aliada para quem está adquirindo um imóvel na planta. Os especialistas recomendam que o comprador guarde todos os papeis ou registros escritos que lhe forem entregues por funcionários da administradora. Vale até folhetos promocionais e e-mails trocados com os corretores. "Tente fazer as perguntas sempre por escrito para ter uma garantia", diz Galvao Neto. Todo este material pode servir como prova caso haja algum abuso por parte da empresa. Não é regra, mas por cautela, vale registrar todo este arquivo no cartório de registro de titulos e documentos.


7 - Torne oficial: Ao fechar o compromisso de compra e venda do imóvel, muitas pessoas se esquecem de registrar o documento. No entanto, pelas leis brasileiras, a propriedade só é transferida após o registro da escritura no cartório de registro de imóveis. "Não basta verificar a vida da pessoa que está vendendo. Sem o registro, você não tem os direitos sobre a propriedade", afirma Patrícia Ferraz. Ela exemplifica com um caso em que a proprietária de um imóvel decidiu registrar a escritura em cartório apenas alguns anos após a compra. "Neste período, a pessoa que vendeu o imóvel ficou com débito na previdência e o patrimônio ficou indisponibilizado", diz. Por outro lado, se você registrar o contrato, a incorporadora será obrigada a pedir sua autorização para qualquer mudança no projeto inicial, por exemplo. Para evitar gastos em dobro no cartório, muita gente não recorre a esta conduta. No entanto, no estado de São Paulo, é possível pagar 30% do valor final do registro da escritura no registro do compromisso de compra e venda do imóvel. Os outros 70% podem ser pagos na hora de registrar a escritura.


8 - Consulte o tabelião: Neste processo, outra dica é firmar o contrato sempre com a assessoria jurídica de um tabelião. Boa parte das construtoras de imóveis tem parceria com advogados que fazem este serviço. No entanto, estima-se que a economia seja de 20% a 40% quando se estabelece uma escritura pública em vez de um contrato particular. Por não ter ligação com nenhuma das partes do acordo, a assessoria do tabelião para compor o contrato será mais imparcial e, por isso, menos arriscada para os compradores. Não são raros os casos de irregularidades neste tipo de contrato - que podem passar "despercebidas", dependendo da parceria do assessor jurídico com a incorporadora. Além disso, caso a construtora se torne inadimplente e não termine a obra, compradores que recorreram à escritura pública tornam-se automaticamente proprietários de parte do terreno onde o imóvel seria construído. Fato que garante maior segurança para a transação.


9 - Fique de olho na política de juros: Um abuso comum neste tipo de transação são os chamados juros no pé. Até a entrega das chaves, o comprador tem a garantia de que não precisará pagar juros. No entanto, assim que o imóvel fica pronto, a incorporadora passa a cobrar juros sobre todo o período financiado. Uma portaria de 2001 emitida pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça considera a prática irregular. No entanto, o assunto não é consensual entre os juristas. Há histórico de ações judiciais que deram ganho de causa para as construtoras que cobraram os juros. Para evitar problemas, recomenda-se criar uma cláusula no contrato que determine a rescisão ou devolução do dinheiro em casos como esse.


10 - Seja beneficiário do seguro: Fique atento aos contratos firmados com as companhias de seguro. Este tipo de acordo serve de garantia tanto para os casos de inadimplência do comprador quanto para irregularidades da administradora. Por isso, fique atento às clausulas que determinam quem é o beneficiário do contrato. Se for a incorporadora, em caso de atraso da obra, ela terá o direito de receber a indenização e ao comprador restará o prejuízo.


E finalmente, consulte um corretor de imóveis credenciado (como eu) de sua confiança.


Fonte: Portal Exame