sábado, 7 de julho de 2012

Orçamento Real - Custo por etapa de uma obra (divulgados na Revista PiniWeb)


(O objetivo da publicação desta matéria no meu blog é informar uma estimativa de valores percentuais que representam cada etapa de uma obra de um empreendimento de 64 unidades de padrão médio (ver tabela no final do Post) que naturalmente é um exemplo, que poderá variar em dezenas de situações, inclusive de construtora para outra, mas são informações muito interessantes para quem é interessado nos custos e despesas na contrução de empreentimentos.   Parabéns à Revista PiniWeb e autores da matéria Aline Mariane e Juliana Cristina Teixeira)

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A incorporadora MBigucci iniciou em setembro de 2010 a construção do empreendimento para a classe média localizado em São Bernardo do Campo, Estado de São Paulo. O edifício residencial ocupa um terreno de 1.200 m², onde está sendo construída uma torre composta por um subsolo, térreo e 16 pavimentos-tipo com quatro apartamentos por andar, totalizando 64 unidades.

O item que mais pesou no orçamento da obra foi a estrutura, com 27,37% de participação nos custos, o equivalente a R$ 1.897.005,84. "Este valor é normal para um empreendimento convencional, com quatro unidades por andar.   A estrutura sempre é o item mais pesado", explica Milton Bigucci Jr., diretor técnico da MBigucci.

Uma das preocupações da incorporadora era otimizar o prazo da obra e, para isso, a empresa optou por revestir a fachada com argamassa projetada. "O custo era um pouco maior, mas pela velocidade da execução nós achamos que compensaria", justifica Milton Bigucci. Ao todo, os revestimentos externos consumiram R$ 89.217,02 ou 1,29% do orçamento da obra.

Resumo da obra:
Incorporação MBigucci

Comercialização Estratégia Empreendimentos Imobiliários
Projeto arquitetônico Maurício da Silveira Vera

Projeto de interiores e paisagístico Verdi Salerno
Fundações estaca hélice contínua

Estrutura concreto armado
Fechamento alvenaria de vedação em bloco de concreto

Início das obras setembro de 2010
Término das obras abril de 2013

Investimento R$ 6.931.596,83

Cautela nos prazos

A preocupação com atrasos no cronograma levou a MBigucci a estabelecer um prazo de entrega maior que o tempo necessário para a conclusão da obra. "No meio do caminho sempre enfrentamos burocracia dos órgãos públicos ou problemas de falta de mão de obra. O cronograma da obra é de 20 meses, mas mantivemos o prazo de dois anos e meio para os clientes, para evitar qualquer risco de atraso", ressalta o diretor da empresa.

A precaução foi bem-vinda, já que problemas com o terreno atrasaram a execução das fundações em estaca hélice contínua. "O solo era muito mole e o equipamento da hélice contínua teve certa dificuldade para se movimentar. As máquinas afundavam", explica Milton Bigucci. Foi necessário recompor o solo com rachão para torná-lo mais resistente superficialmente e, assim, viabilizar a movimentação dos equipamentos. As fundações, que tinham previsão de serem concluídas em 23 dias, foram finalizadas em 40 dias, quase o dobro do tempo estimado.

Outro problema encontrado pela empresa era um talude, localizado logo atrás do canteiro, que estava cedendo sobre a área do empreendimento. Foi necessário executar um sistema de contenção com solo grampeado para resolver o deslizamento. "Não era nada grave, mas implicou um custo adicional que foi considerado nas contenções", explica Milton Bigucci.

Fonte: Revista PiniWeb /Aline Mariane / Apoio de engenharia: Juliana Cristina Teixeira


CUSTO POR ETAPA

SERVIÇOS
TOTAL POR ETAPA (R$)
PARTICIPAÇÃO (%)
Despesas iniciais
212.662,09
3,07
Instalação do canteiro de obras
379.484,05
5,47
Serviços gerais e administração
505.798,26
7,30
Movimentação de terra
77.037,30
1,11
Fundações/infraestrutura
527.522,12
7,61
Estrutura
1.897.005,84
27,37
Alvenaria
481.922,17
6,95
Cobertura e impermeabilização
82.329,95
1,19
Revestimento interno
267.238,40
3,86
Revestimento externo
89.217,02
1,29
Revestimento cerâmico para parede
66.499,91
0,96
Revestimentos especiais
30.321,77
0,44
Esquadrias metálicas
450.909,00
6,51
Peitoris, soleiras e rodapés
22.540,83
0,33
Portas e ferragens
105.148,92
1,52
Ladrilhos e pisos
61.411,90
0,89
Pisos especiais
6.617,09
0,10
Instalações elétricas
302.027,92
4,36
Instalações hidráulicas
283.131,98
4,08
Aparelhos sanitários
161.944,92
2,34
Pintura
275.088,76
3,97
Limpeza
24.217,77
0,35
Serviços complementares e urbanização
70.395,74
1,02
Elevadores
302.722,15
4,37
Outros equipamentos
139.745,90
2,02
Diversos
108.655,07
1,57
Total
6.931.596,83
100%

A seguir, três especialistas de diferentes setores ensinam os principais cuidados que todo comprador deve tomar antes, durante e depois do processo de compra de um imóvel na planta:


1 - Defina seus critérios: Antes de começar a peregrinação pelos estandes das incorporadoras, lembre-se que a compra de um imóvel na planta é uma transação de longo prazo. É um tipo de negócio que sempre requer muita análise prévia sobre suas necessidades e realidade financeira nos próximos anos. "A pessoa deve se perguntar qual é o tamanho da prestação que cabe no bolso e qual é a necessidade da família. Quando isso estiver claro, você está pronto para procurar o imóvel adequado para seu perfil", afirma João Crestana, presidente do Secovi-SP, o sindicato da habitação. De acordo com ele, esse simples "cálculo" é suficiente para manter o comprador longe de fechar contratos por impulso.


2 - Bisbilhote o passado da construtora: "Para escapar de problemas, firme contratos com incorporadoras que tenham uma boa reputação no mercado", diz Octávio Galvão Neto, coordenador da Câmara de Avaliação do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo (IBAPE/SP). Não é possível chegar a conclusões concretas sobre a idoneidade da empresa com apenas algumas conversas com o corretor imobiliário no estande de vendas. Segundo especialistas, a primeira estratégia pra se prevenir de eventuais dores de cabeça com empreendimentos imobiliários é analisar o histórico da construtora. E isso demanda muita sola de sapato. É comum, por exemplo, que alguns prédios apresentem vícios na construção, como fissuras, infiltrações e outras deficiências resultantes de um mau planejamento arquitetônico - ou mesmo do uso de materiais de construção de baixa qualidade. Prever esse tipo de problema, contudo, é praticamente impossível. Por isso, aconselha Galvão, uma visita a outros lançamentos da construtora é indispensável. "Os problemas tendem a se repetir", diz. Assim, a dica é investigar com os moradores sobre possíveis atrasos na obra, problemas de infraestrutura e descumprimento de promessas. Verifique também se a empresa tem pendências na Justiça ou reclamações na Fundação Procon. Para conferir se a administradora pisou na bola com outros clientes, consulte a lista de reclamações no site do Procon.


3 - Atenção aos documentos: Para não cair em golpes, peça sempre uma cópia do memorial de incorporação da obra. Se o corretor disser que a construção ainda não possui, então nem continue a conversa. "É crime levantar um empreendimento sem estes documentos", diz Crestana, do Secovi. A lei 4591, de 1964, determina que, antes de iniciar qualquer negociação imobiliária, as incorporadoras devem registrar no cartório de imóveis um conjunto de quinze documentos. Entre eles estão a prova da propriedade do terreno, o projeto de construção aprovado pela prefeitura, o cálculo exato da área do imóvel e a descrição do acabamento e material utilizado na construção. "No memorial, tudo é descrito de maneira bem minuciosa. É preciso prestar muita atenção nesses itens", afirma Patrcia Ferraz, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo (Anoreg-SP). Isso porque é muito fácil se encantar com a decoração dos apartamentos em exposição ou com as promessas dos corretores. No entanto, apenas o memorial de incorporação oferece uma dimensão concreta do imóvel que está sendo comprado.


4 - Visite a obra pessoalmente: Não visitar o local de construção da obra é um dos piores erros de quem está negociando um imóvel na planta. É comum que os estandes de vendas das construtoras fiquem em locais mais movimentados, como shopping centers. Muita gente opta pelo mais cômodo e confia apenas na descrição do imóvel feita pelos corretores. O conforto, no entanto, pode virar um pesadelo quando as chaves forem entregues. "Recentemente, vistoriei um empreendimento localizado em uma rua com problema de drenagem. Chovia e a água subia quase um metro", conta Galvão Neto. Ou seja, se os futuros condôminos deste novo prédio não tiverem a precaução de conversar com os moradores da região, poderão ter uma surpresa todas as vezes que nuvens negras se formarem no céu. Bancar o detetive para apurar questões como a infraestrutura urbana, os serviços de água e esgoto e até a presença de feiras ou festas na rua é essencial. Um bom passeio pela vizinhança pode garantir também um esboço sobre a média do IPTU e das taxas condominiais da região. Por outro lado, caso você feche o contrato fora do estabelecimento comercial, o Código de Defesa do Consumidor dá o direito de desistir da compra num período de sete dias. Mas sempre vale a pena checar tudo antes de assinar o contrato.


5 - Não subestime a maquete: Por mais bonita que seja, a maquete não é mero objeto de decoração do estande de vendas. É, sim, o principal instrumento para sua tomada de decisão. Por isso, examine a composição de cada item e pergunte se o que está ali corresponde à realidade do futuro empreendimento. Assim, na hora de escolher o apartamento para comprar, guie-se pelas coordenadas da maquete. "Os apartamentos da face sul tem menor insolação, nos da face norte sempre bate mais sol", afirma o presidente do Secovi-SP. Verifique também para onde dá a vista de cada imóvel - esse tipo de questionamento pode influenciar o preço do apartamento e, no futuro, sua valorização.


6 - Tudo pode ser usado no tribunal: A prevenção é sempre uma ótima aliada para quem está adquirindo um imóvel na planta. Os especialistas recomendam que o comprador guarde todos os papeis ou registros escritos que lhe forem entregues por funcionários da administradora. Vale até folhetos promocionais e e-mails trocados com os corretores. "Tente fazer as perguntas sempre por escrito para ter uma garantia", diz Galvao Neto. Todo este material pode servir como prova caso haja algum abuso por parte da empresa. Não é regra, mas por cautela, vale registrar todo este arquivo no cartório de registro de titulos e documentos.


7 - Torne oficial: Ao fechar o compromisso de compra e venda do imóvel, muitas pessoas se esquecem de registrar o documento. No entanto, pelas leis brasileiras, a propriedade só é transferida após o registro da escritura no cartório de registro de imóveis. "Não basta verificar a vida da pessoa que está vendendo. Sem o registro, você não tem os direitos sobre a propriedade", afirma Patrícia Ferraz. Ela exemplifica com um caso em que a proprietária de um imóvel decidiu registrar a escritura em cartório apenas alguns anos após a compra. "Neste período, a pessoa que vendeu o imóvel ficou com débito na previdência e o patrimônio ficou indisponibilizado", diz. Por outro lado, se você registrar o contrato, a incorporadora será obrigada a pedir sua autorização para qualquer mudança no projeto inicial, por exemplo. Para evitar gastos em dobro no cartório, muita gente não recorre a esta conduta. No entanto, no estado de São Paulo, é possível pagar 30% do valor final do registro da escritura no registro do compromisso de compra e venda do imóvel. Os outros 70% podem ser pagos na hora de registrar a escritura.


8 - Consulte o tabelião: Neste processo, outra dica é firmar o contrato sempre com a assessoria jurídica de um tabelião. Boa parte das construtoras de imóveis tem parceria com advogados que fazem este serviço. No entanto, estima-se que a economia seja de 20% a 40% quando se estabelece uma escritura pública em vez de um contrato particular. Por não ter ligação com nenhuma das partes do acordo, a assessoria do tabelião para compor o contrato será mais imparcial e, por isso, menos arriscada para os compradores. Não são raros os casos de irregularidades neste tipo de contrato - que podem passar "despercebidas", dependendo da parceria do assessor jurídico com a incorporadora. Além disso, caso a construtora se torne inadimplente e não termine a obra, compradores que recorreram à escritura pública tornam-se automaticamente proprietários de parte do terreno onde o imóvel seria construído. Fato que garante maior segurança para a transação.


9 - Fique de olho na política de juros: Um abuso comum neste tipo de transação são os chamados juros no pé. Até a entrega das chaves, o comprador tem a garantia de que não precisará pagar juros. No entanto, assim que o imóvel fica pronto, a incorporadora passa a cobrar juros sobre todo o período financiado. Uma portaria de 2001 emitida pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça considera a prática irregular. No entanto, o assunto não é consensual entre os juristas. Há histórico de ações judiciais que deram ganho de causa para as construtoras que cobraram os juros. Para evitar problemas, recomenda-se criar uma cláusula no contrato que determine a rescisão ou devolução do dinheiro em casos como esse.


10 - Seja beneficiário do seguro: Fique atento aos contratos firmados com as companhias de seguro. Este tipo de acordo serve de garantia tanto para os casos de inadimplência do comprador quanto para irregularidades da administradora. Por isso, fique atento às clausulas que determinam quem é o beneficiário do contrato. Se for a incorporadora, em caso de atraso da obra, ela terá o direito de receber a indenização e ao comprador restará o prejuízo.


E finalmente, consulte um corretor de imóveis credenciado (como eu) de sua confiança.


Fonte: Portal Exame