segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O mapa da mina


Com a retomada das vendas no mercado imobiliário, construtoras voltam a analisar regiões potenciais para o lançamento de novos projetos. Cerca de 30 bairros da Grande Vitória devem crescer e ocupar posições de destaque no cenário dos próximos três anos.

A previsão é que até 2012 cerca de 38 mil novas unidades estejam em produção em toda a Região Metropolitana. “Essa projeção de mercado vem baseada no Censo Imobiliário e também no programa ?Minha Casa, Minha Vida?, que traz um crescimento muito grande na produção”, observa o diretor da Indústria Imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), Constantino Dadalto.

Com um preço médio girando em torno de R$ 120 mil, em virtude do crescimento de ofertas de imóveis populares, a variação nos valores de imóveis deve oscilar de R$ 50 mil para bairros com projetos econômicos a R$ 300 mil, em regiões destinadas a empreendimentos para a classe média alta.

“A valorização de novos bairros vai acontecer com a consolidação dos já existentes, que devem expandir ao seu redor. E cada município possui vetores definidos e perfis com bastante clareza”, avalia o presidente da Associação das Empresas de Mercado Imobiliário do Estado do Espírito Santo (Ademi-ES), Juarez Soares.

Serra permanece em evidência diante da perspectiva de crescimento do mercado, com Valparaíso, Nova Manguinhos e Jacaraípe como destaque. Vila Velha vem em segundo lugar, diversificando a produção em bairros como Itaparica, Jóquei de Itaparica e áreas no entorno da Rodovia Carlos Lindenberg.

Já Vitória deve ir ao encontro da consolidação de bairros como Jardim Camburi, Enseada do Suá e Bento Ferreira, além de análises em regiões periféricas, como São Pedro e as margens da Rodovia Serafim Derenzi. E Cariacica terá como foco o crescimento de bairros como São Conrado e Dona Augusta, próximos a Campo Grande.

Bairros que vão crescer nos próximos três anos:

VITÓRIA
Bento Ferreira. Com terrenos maiores que a Praia do Canto e ruas mais largas, é a continuidade do crescimento da região nobre de Vitória. Deve abrigar empreendimentos comerciais e residenciais de padrão médio alto.

Enseada do Suá. De acordo com o diretor da Vitória imóveis, Moacyr Brotas Netto, o bairro vai continuar com vocação comercial, principalmente na Praça do Papa.

São Pedro e Serafim Derenzi. Há potencial para empreendimentos econômicos, mas questões ambientais e de documentação ainda são um entrave.

Jardim Camburi. Junto com Santa Terezinha, tem potencial para empreendimentos comerciais e residenciais.

Barro Vermelho. O diretor da RS Construtora, Renato Sandri, observa que a sede da Petrobras vai continuar atraindo projetos comerciais, mas unidades residenciais também vão ter vez.

VILA VELHA
Centro. Segundo o diretor da Vix imóveis, Enrico Rocha Barbosa, o prolongamento da Av. Luciano das Neves, em direção ao Shopping Barra Sol, deve abrigar mais empreendimentos comerciais de salas, em virtude dos incentivos da prefeitura.

Rodovia do Sol. Em direção ao Shopping Barra Sol, a tendência maior é de atração de empreendimentos comerciais (salas e lojões) às margens da rodovia.

Santa Inês. Deve continuar chamando atenção para projetos de empreendimentos econômicos, em virtude da localização e dos espaços disponíveis.

Barra do Jucu. Há espaço para lançamento de empreendimentos de baixa renda e também de condomínios de casas de alto padrão, em direção a Interlagos.

Jóquei de Itaparica. A localização e as áreas disponíveis para construção indicam o lançamento de projetos econômicos .

Rodovia Carlos Lindenberg. Bairros no entorno (como Cobilândia e Ibes) têm potencial para receber empreendimentos populares. Já nas margens da rodovia a tendência é construção de lojões e galpões.

Rodovia Darly Santos. A área retroportuária e a Zona de Processamento de Exportação, aliadas à nova via que vai ligar Cariacica a Vila velha, vão influenciar o surgimento de empreendimentos comerciais às margens da rodovia e residenciais nos bairros próximos.

Coqueiral de Itaparica. De acordo com o diretor da Francisco Rocha Imóveis, Francis Rocha, o bairro ainda possui áreas para abrigar empreendimentos residenciais de médio padrão.

Glória e Cristóvão Colombo. A região entre esses bairros terá crescimento de projetos residenciais, alavancado pela presença do Hospital Vila Velha e das novas vias de acesso aos bairros.

SERRA
Grande Laranjeiras. A região deve aproveitar o crescimento de Laranjeiras para receber novos lançamentos, tanto comerciais quanto residenciais.

Valparaíso. De acordo com o diretor de Novos Negócios da Lorenge, Celso Siqueira Júnior, o bairro já ocupa destaque no mercado imobiliário, em virtude de sua proximidade com o Parque da Cidade, acesso fácil à BR 101 e ao Shopping Laranjeiras.

Nova Manguinhos. De acordo com o diretor da Morar Construtora, Rodrigo Gomes de Almeida, o bairro, por estar no caminho de Jacaraípe, que é outro vetor de crescimento, já palco de lançamentos.

Jacaraípe. Apesar da proximidade com o mar, deve receber empreendimentos de padrão econômico e supereconômico.

Bairro de Fátima. A proximidade com Vitória vai ajudar a alavancar empreendimentos residenciais voltados para o padrão econômico.

Sede e Jardim Limoeiro. O foco são imóveis de padrão econômico e supereconômico. A proximidade com grandes empresas são um chamariz para essas regiões.

CARIACICA
Campo Grande. O bairro é o mais valorizado do município e ainda vai continuar apresentando alta nos preços nos próximos anos. A tendência é para empreendimentos comerciais (lojas) e residenciais. Também deve alavancar o crescimento de bairros próximos.

São Conrado e Dona Augusta. De acordo com a corretora da Imobiliária universal Lucimar Batista Pinto, os dois bairros já registram movimento de empresas comprando terrenos e comércio intenso. Devem abrigar empreendimentos de médio padrão, na faixa de R$ 120 mil.

Morada de Campo Grande. O pólo industrial de Castelo Branco, bairro próximo, deve incentivar a chegada de projetos residenciais para empresários e futuros trabalhadores

Construção de novos bairros

Ainda este ano, o mercado deve presenciar pelo menos o lançamento de dois grandes empreendimentos nos bairros de Valparaíso e Nova Manguinhos, ambos na Serra. A Rossi lança na região de Nova Manguinhos o Vila Geribá, com 403 unidades e valor de até R$ 100 mil.

Primeiro condomínio do Rossi Vilas do Mar, ficará em um terreno de 25 mil metros quadrados, que deve receber mais outros cinco condomínios independentes e e um centro comercial.

Já a Lorenge lança o Villagio Laranjeiras Condomínio Clube, cujo investimento chega a R$ 120 milhões, em Valparaíso, atrás da antiga fábrica de pastilhas e pisos Eliane. Será um empreendimento misto, com 752 apartamentos, 17 lojas e 162 salas comerciais, distribuídos em uma área de mais de 24 mil metros quadrados.

Também está em estudo o lançamento de um condomínio às margens da Rodovia Serafim Derenzi pela InPar. Já em Vila Velha, o foco é no bairro Jóquei de Itaparica, onde a Sá Cavalcante estuda o lançamento de um condomínio com imóveis que se enquadram no padrão supereconômico.

Evolução

28 mil imóveis em produção em 2010

32 mil imóveis em produção em 2011

38 mil imóveis em produção em 2012

Obs.: Projeção baseada no Censo Imobiliário, com perspectivas dos projetos em andamento dentro do “Minha Casa, Minha Vida”.

Fonte: Gazeta On-line por Karina Nobre

A seguir, três especialistas de diferentes setores ensinam os principais cuidados que todo comprador deve tomar antes, durante e depois do processo de compra de um imóvel na planta:


1 - Defina seus critérios: Antes de começar a peregrinação pelos estandes das incorporadoras, lembre-se que a compra de um imóvel na planta é uma transação de longo prazo. É um tipo de negócio que sempre requer muita análise prévia sobre suas necessidades e realidade financeira nos próximos anos. "A pessoa deve se perguntar qual é o tamanho da prestação que cabe no bolso e qual é a necessidade da família. Quando isso estiver claro, você está pronto para procurar o imóvel adequado para seu perfil", afirma João Crestana, presidente do Secovi-SP, o sindicato da habitação. De acordo com ele, esse simples "cálculo" é suficiente para manter o comprador longe de fechar contratos por impulso.


2 - Bisbilhote o passado da construtora: "Para escapar de problemas, firme contratos com incorporadoras que tenham uma boa reputação no mercado", diz Octávio Galvão Neto, coordenador da Câmara de Avaliação do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de São Paulo (IBAPE/SP). Não é possível chegar a conclusões concretas sobre a idoneidade da empresa com apenas algumas conversas com o corretor imobiliário no estande de vendas. Segundo especialistas, a primeira estratégia pra se prevenir de eventuais dores de cabeça com empreendimentos imobiliários é analisar o histórico da construtora. E isso demanda muita sola de sapato. É comum, por exemplo, que alguns prédios apresentem vícios na construção, como fissuras, infiltrações e outras deficiências resultantes de um mau planejamento arquitetônico - ou mesmo do uso de materiais de construção de baixa qualidade. Prever esse tipo de problema, contudo, é praticamente impossível. Por isso, aconselha Galvão, uma visita a outros lançamentos da construtora é indispensável. "Os problemas tendem a se repetir", diz. Assim, a dica é investigar com os moradores sobre possíveis atrasos na obra, problemas de infraestrutura e descumprimento de promessas. Verifique também se a empresa tem pendências na Justiça ou reclamações na Fundação Procon. Para conferir se a administradora pisou na bola com outros clientes, consulte a lista de reclamações no site do Procon.


3 - Atenção aos documentos: Para não cair em golpes, peça sempre uma cópia do memorial de incorporação da obra. Se o corretor disser que a construção ainda não possui, então nem continue a conversa. "É crime levantar um empreendimento sem estes documentos", diz Crestana, do Secovi. A lei 4591, de 1964, determina que, antes de iniciar qualquer negociação imobiliária, as incorporadoras devem registrar no cartório de imóveis um conjunto de quinze documentos. Entre eles estão a prova da propriedade do terreno, o projeto de construção aprovado pela prefeitura, o cálculo exato da área do imóvel e a descrição do acabamento e material utilizado na construção. "No memorial, tudo é descrito de maneira bem minuciosa. É preciso prestar muita atenção nesses itens", afirma Patrcia Ferraz, presidente da Associação dos Notários e Registradores do Estado de São Paulo (Anoreg-SP). Isso porque é muito fácil se encantar com a decoração dos apartamentos em exposição ou com as promessas dos corretores. No entanto, apenas o memorial de incorporação oferece uma dimensão concreta do imóvel que está sendo comprado.


4 - Visite a obra pessoalmente: Não visitar o local de construção da obra é um dos piores erros de quem está negociando um imóvel na planta. É comum que os estandes de vendas das construtoras fiquem em locais mais movimentados, como shopping centers. Muita gente opta pelo mais cômodo e confia apenas na descrição do imóvel feita pelos corretores. O conforto, no entanto, pode virar um pesadelo quando as chaves forem entregues. "Recentemente, vistoriei um empreendimento localizado em uma rua com problema de drenagem. Chovia e a água subia quase um metro", conta Galvão Neto. Ou seja, se os futuros condôminos deste novo prédio não tiverem a precaução de conversar com os moradores da região, poderão ter uma surpresa todas as vezes que nuvens negras se formarem no céu. Bancar o detetive para apurar questões como a infraestrutura urbana, os serviços de água e esgoto e até a presença de feiras ou festas na rua é essencial. Um bom passeio pela vizinhança pode garantir também um esboço sobre a média do IPTU e das taxas condominiais da região. Por outro lado, caso você feche o contrato fora do estabelecimento comercial, o Código de Defesa do Consumidor dá o direito de desistir da compra num período de sete dias. Mas sempre vale a pena checar tudo antes de assinar o contrato.


5 - Não subestime a maquete: Por mais bonita que seja, a maquete não é mero objeto de decoração do estande de vendas. É, sim, o principal instrumento para sua tomada de decisão. Por isso, examine a composição de cada item e pergunte se o que está ali corresponde à realidade do futuro empreendimento. Assim, na hora de escolher o apartamento para comprar, guie-se pelas coordenadas da maquete. "Os apartamentos da face sul tem menor insolação, nos da face norte sempre bate mais sol", afirma o presidente do Secovi-SP. Verifique também para onde dá a vista de cada imóvel - esse tipo de questionamento pode influenciar o preço do apartamento e, no futuro, sua valorização.


6 - Tudo pode ser usado no tribunal: A prevenção é sempre uma ótima aliada para quem está adquirindo um imóvel na planta. Os especialistas recomendam que o comprador guarde todos os papeis ou registros escritos que lhe forem entregues por funcionários da administradora. Vale até folhetos promocionais e e-mails trocados com os corretores. "Tente fazer as perguntas sempre por escrito para ter uma garantia", diz Galvao Neto. Todo este material pode servir como prova caso haja algum abuso por parte da empresa. Não é regra, mas por cautela, vale registrar todo este arquivo no cartório de registro de titulos e documentos.


7 - Torne oficial: Ao fechar o compromisso de compra e venda do imóvel, muitas pessoas se esquecem de registrar o documento. No entanto, pelas leis brasileiras, a propriedade só é transferida após o registro da escritura no cartório de registro de imóveis. "Não basta verificar a vida da pessoa que está vendendo. Sem o registro, você não tem os direitos sobre a propriedade", afirma Patrícia Ferraz. Ela exemplifica com um caso em que a proprietária de um imóvel decidiu registrar a escritura em cartório apenas alguns anos após a compra. "Neste período, a pessoa que vendeu o imóvel ficou com débito na previdência e o patrimônio ficou indisponibilizado", diz. Por outro lado, se você registrar o contrato, a incorporadora será obrigada a pedir sua autorização para qualquer mudança no projeto inicial, por exemplo. Para evitar gastos em dobro no cartório, muita gente não recorre a esta conduta. No entanto, no estado de São Paulo, é possível pagar 30% do valor final do registro da escritura no registro do compromisso de compra e venda do imóvel. Os outros 70% podem ser pagos na hora de registrar a escritura.


8 - Consulte o tabelião: Neste processo, outra dica é firmar o contrato sempre com a assessoria jurídica de um tabelião. Boa parte das construtoras de imóveis tem parceria com advogados que fazem este serviço. No entanto, estima-se que a economia seja de 20% a 40% quando se estabelece uma escritura pública em vez de um contrato particular. Por não ter ligação com nenhuma das partes do acordo, a assessoria do tabelião para compor o contrato será mais imparcial e, por isso, menos arriscada para os compradores. Não são raros os casos de irregularidades neste tipo de contrato - que podem passar "despercebidas", dependendo da parceria do assessor jurídico com a incorporadora. Além disso, caso a construtora se torne inadimplente e não termine a obra, compradores que recorreram à escritura pública tornam-se automaticamente proprietários de parte do terreno onde o imóvel seria construído. Fato que garante maior segurança para a transação.


9 - Fique de olho na política de juros: Um abuso comum neste tipo de transação são os chamados juros no pé. Até a entrega das chaves, o comprador tem a garantia de que não precisará pagar juros. No entanto, assim que o imóvel fica pronto, a incorporadora passa a cobrar juros sobre todo o período financiado. Uma portaria de 2001 emitida pela Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça considera a prática irregular. No entanto, o assunto não é consensual entre os juristas. Há histórico de ações judiciais que deram ganho de causa para as construtoras que cobraram os juros. Para evitar problemas, recomenda-se criar uma cláusula no contrato que determine a rescisão ou devolução do dinheiro em casos como esse.


10 - Seja beneficiário do seguro: Fique atento aos contratos firmados com as companhias de seguro. Este tipo de acordo serve de garantia tanto para os casos de inadimplência do comprador quanto para irregularidades da administradora. Por isso, fique atento às clausulas que determinam quem é o beneficiário do contrato. Se for a incorporadora, em caso de atraso da obra, ela terá o direito de receber a indenização e ao comprador restará o prejuízo.


E finalmente, consulte um corretor de imóveis credenciado (como eu) de sua confiança.


Fonte: Portal Exame